22 de março de 2011

Da falta do que fazer e outras inquietações

Em algum lugar da metrópole, do silêncio de suas planilhas, o mestre economista atende seu telefone que toca:

-Alô.
-Alô, o Pires está?
-Quem?
-O Pires.
-Não, você ligou para o número errado.
-Então, vai no armário da cozinha, olha embaixo da xícara que você acha...

“Eu pensava que esse tipo de coisa não existia mais...” – diria ele mais tarde a jornalistas de plantão, num desabafo efusivamente discreto, via e-mail. “Em tempos de facebook e twitter isso ainda existe!!!”

Foto de nenê aborrecido com trotes bobos, no momento em que o pegaram com aquela da kombi verde que amadureceu. Fonte: google.

2 de março de 2011

Com suco de maçã

Eu pediria por favor e perdão no ido das horas a quem seja ofensa meu despir pudico, irrelevante.

Eu sinto por mim esse mesmo desprezo de coisa pequena, que não se vive por si só.

Sou essa coisinha, pobre, torpe e repetida, reinventando o auto-logro, eternamente debutante.

Dos ruídos de fora me interessa nada, que mais é utopia. Mas aos barulhos de dentro, ranço, apego e desejo, merecidos, imerecidos apelos.

Minhas condolências ao que há de pior em mim.
Lamento.

É que havia solidão e saudade no espaço do vento entre nós naquele abraço. Tinha cheiro de amor-recém chegado o seu perfume no final do dia, tinha uma eu impressa na sua pupila, uma certa supremacia de intenções boas guiando eu pra você.

Foi nessa hora.
Foi essa hora que eu segurei e suspendi no alto de nossas cabeças, como luz de idéia ou lamparina discreta.

Era pra ser sigilo até de nós a clareira que se fez na impossibilidade fértil. E você, viril, fecundou de vontades meu ensejo estéril, obcecado. Nasceu um rebento que não pude conformar.
Desculpe.

A quem possa ferir esse afeto tanto, meu lamento. É que meu querer não conhece amenidades. Precisava de você. Não menos.