25 de outubro de 2005

25.10.05

(photo by Thais Caringe)


"O céu é só uma promessa...Eu tenho pressa, vamos nessa direção...Atrás do Sol que nos aqueça..."

O texto a seguir é em homenagem a todas as pessoas que não precisam de quem as lembre da liberdade que possuem...Em especial à querida Marcella Andriani, uma das pessoas com a noção mais ampla de liberdade que já conheci...

(A autora)



O quanto você se importa com a opinião dos outros???

O irmão do tio do primo de um amigo meu, tinha um vizinho que se importava bastante com a opinião dos outros a seu respeito. Era do tipo que se sentia culpado quando ficava feliz e sempre fazia o que os outros esperavam que fizesse.
Um cara previsível, quase insensível.
O máximo a que chegava quando surpreendia a família, era negar as salsichas com batatas de sua esposa em plena mesa de almoço. Todos ficavam escandalizados. Inclusive os filhos.
Esse homem era visto todos os dias no jardim, pela manhã, regando as plantas; todos os domingos fazia a feira; todas as noites se deitava as 21:00h pontualmente.
Um belo dia, sem avisar previamente de suas intenções, o que não era do seu feitio, este homem simplesmente se recusou a dormir na mesma posição. Começou assim.
Primeiro passou a dormir nos pés da cama. Depois começou a regar as plantas apenas três vezes por semana. Então passou a assistir os filmes que passam sempre após a novela, indo dormir bem depois do horário costumeiro.
Mas, foi quando ele tomou uma atitude drástica, que todos começaram a ficar preocupados: virou vegetariano. Recusava-se terminantemente a ingerir sequer o molho das salsichas de sua esposa que o olhava atônita, com lágrimas nos olhos.
Então o homem passou a sorrir mais, a ouvir os CD’s de pop-rock dos filhos, a visitar a biblioteca municipal, caminhar no parque, fazer a barba, escolher suas roupas sozinho.Todos imaginavam que aquilo tudo apenas poderia ser fruto de algum desequilíbrio. A única explicação plausível para a família era a de que o homem estava doente.
E estavam certos.
O homem morreu cerca de um mês e meio após o início da transformação.
Não sei se é verdade, mas me disseram que suas últimas palavras foram ao filho menor:
”_ Há um hamister no porão. O nome dele é Joaquim. Cuide dele. Troque a serragem duas vezes por semana.”
Essa revelação chocou toda a comunidade local.
Mas ninguém entendeu o que este homem realmente quisera dizer ao final de sua existência.
E sua mulher se deprimiu, pois vivia em função do marido.
Todos os dias ela era vista regando as plantas no jardim pela manhã...
...Até o dia em que descobriu que estava doente.
Mas esse vizinho do irmão do tio do primo do meu amigo, costuma inventar histórias. É um homem já velho e inconstante. Hoje em dia ele é visto para baixo e para cima com um ratinho andando rápido de um ombro a outro. Ele conta que há algum tempo atrás costumava fazer tudo igual todos os dias. Mas meu amigo disse que não acredita muito...
...E o velho jura que é verdade.

Camila Caringe.

17 de setembro de 2005

Porque o amor morre na praia?


(photo by Camila)

O amor também morre, porque também come e também dorme.
O amor apodrece como fruto, renasce, floresce como tudo na primavera. Mas o amor não precisa de estação.

O amor segue o ciclo da vida...como tudo o que Deus pensou antes que existisse. E foi distorcido pela própria criação divina, como tudo tocado pelas mãos e mentes humanas.
E ninguém pôde, por mais que dedicasse a fagulha inteira de vida que lhe cabe, encontrar alguma coerência na ocorrência do amor, no nascimento, no crescimento ou na morte desse ser etéreo, meio misterioso, meio evidente, meio óbvio, meio oculto. Mas todo mundo finge que entende, finge que sabe tudo sobre amor, finge que existem razões pré-concebidas e que alguém que não preencha bem as brechas da imperfeição não serve para si.
E, enquanto alguém cria teorias plausíveis que justifiquem que o casamento se tornou uma instituição falida, algum casal, do outro lado da cidade, afogado em realizações e paz assina um contrato para a vida inteira...
...A vida continua.

Sim. A vida é feita por opostos que se completam (e não necessariamente se atraem).
Toda a raça busca respostas. Macacos nos sorriem.
O sentido da vida e do amor. Fácil-difícil, guerra-paz, conhecimento-ignorância, vida-morte.

O sentido das perguntas estará na busca das respostas ou apenas serão felizes aqueles que se encontrarem em soluções vendidas e reafirmadas pelos escritos bíblicos?
Tudo é oposto. O sentido de tudo sorri escondido em algum cantinho, como uma esquina da TimeSquare, porque sabe que ninguém o encontraria seja lá onde estivesse. Porque o sentido, sendo feito de opostos, deve ser algo tão complexamente simples que ninguém ousaria arriscar tal alternativa.

Não. O sentido não sorri. Se contorce em gargalhadas. E quem lhe bate aos ombros em igual exteorização de comicidade é o amor, o qual todo o mundo (literalmente) tanto cita, mas desconhece em absoluto.
Não. Não é possível que o amor seja o retrato pintado nas tele-novelas. Não pode ser que o amor seja tudo o que se passa antes da separação. Não é concebível que o amor compreenda o ciúme, as condições sociais compatíveis, os modos à mesa, e o jeito de fazer amor. Isso sim é casamento.
Quanto mais a tecnologia (que criamos) nos facilita a vida, mais tempo nos sobra para complicar nossos relacionamentos que deveriam ser os mais simples e prazerosos.
Criamos embasamento para tudo, tememos a falta de ética do próximo, porque sabemos que não contribuímos para seu crescimento. Então o isolamos e guardamos nossa vergonha às margens da sociedade.

Alguém traçou padrões: a monogamia, o heterossexualismo, proximidade de idade, compatibilidade financeira, posição social, cor da pele. É preciso enviar um Currículo Vitae para viver um romance “de verdade”.
Idealizaram o “pra sempre”.

E o amor olha a humanidade bem de perto enquanto mantém distância.
As pessoas acham que o amor morre na praia porque elas mesmas sempre morrem. Mas o amor não morre exatamente na praia. Ele sabe nadar. Sabe até voar. O que não conseguiu ainda é firmar abrigo no coração de quem nada, porque, para isso, é preciso não ter medo de se afogar. O amor na verdade nunca saiu da areia e continua acenando esperançosamente para os atletas que se arriscam em sua busca. Mas o amor não morre na praia. O amor só morre quando nem chega a nascer. Ele se alimenta de compreensão e dorme quando alguém finge que não gosta de quem faz o coração bater mais forte toda vez que os olhos detectam a presença majestosa da pessoa mais especial, ainda que seja somente mais um mortal como outro qualquer.
O amor floresce porque é assim que parece a quem já o sentiu.
Ele anda de mãos dadas com o sentido da vida, molhando os pezinhos no mar e olhando de cima das palmeiras de uma ilha deserta se há alguém chegando perto...
O amor nos espera na próxima porta, no próximo sorriso, no próximo olhar, na próxima tentativa...
...Junto com o sentido da vida. Que deve ser algo tão complexamente simples que ninguém ousaria arriscar tal alternativa.

11 de setembro de 2005

11.09.2005


photo by Camila Caringe


...Deus criou o pensamento humano...
Sim, o planeta foi palco de grandes evoluções. A humanidade, essa fera, foi testemunha de gente que soube viver, que talvez tenha sido em algum momento a esperança. Fotografamos modelos de existência que nunca foram seguidos. Invejamos a serenidade enquanto gritávamos desenfreadamente pela cultura que nos jogava em abismos pela ausência e pelo excesso.
Houve grandes homens e mulheres caminhando por entre homens e mulheres pequenos.
Deus teria pensado em pequenos grandes representantes de mensagens universais a fim de nos dar uma chance e nos fazer entender?
Teria Ele pensado em você e em mim?
Cá estamos nós...
...pensados ou não.
Pela inocência, pela diversão, pela esperança, pelo desespero do criador ou seja lá o que for, estamos aqui.
Olhe fundo nos olhos da primeira pessoa que encontrar agora. Não importa quem seja. Deus pensou nela também. Somos iguais. Somos diferentes. Somos a criação. Somos o caos e a temperança.
Eu sou você. Você sou eu.
Talvez nossos filhos se tornem heróis. Talvez revelem nosso fiasco como tudo no mundo.
Olha pra mim, no seu espelho.
Ama-me sem me conhecer.

Juntos somos o Deus da paz. Separados, o Deus da guerra.

Camila Caringe.

8 de setembro de 2005

.Caros amigos.


As poesias são meninas faceiras. Elas dançam no papel olhando dentro dos olhos do leitor chamando-o para dentro.
As poesias rebolam, fingem, disfarçam, comentam, cantam e gesticulam.
As poesias querem a liberdade de poder ir embora sabendo que ficarão para sempre.
Uma frase, um texto, uma redação, vêm para mostrar.
A poesia vem para viver.
A mágica da palavra certa não pode ser vista somente.
Se algum dia você soube que a palavra era a certa, então é porque você a vivenciou, você experimentou, você dançou ao ritmo dela e se apaixonou.
A poesia quer apaixonar. As estrofes brilham e as palavras dão aquela piscadela de um olho só enquanto chamam com as mãos.
Na poesia tudo é festa, tudo é poético.
A poesia quer brincar de esconde-esconde, de pega-pega, de ser o que não é.
A frase quer flechar. Vem no alvo, acerta e arrasta.
A poesia convence a ir pela própria vontade.
Palavra pode ser euforia de encanto ou de perdição.
A frase avisa que você se perdeu.
A poesia sorri enquanto faz você querer se perder.

Camila Caringe

30 de agosto de 2005

.Meu título.

Os carros buzinam alegremente, os pássaros cantam sem que ninguém os escute, os amores são vencidos pelo esgotamento em forma de psicanálise, a lei da seleção natural nos ajuda a vencer a poluição amena.
A sociedade.
[...]


(.photo by Camila.)


[...]
Não consigo leitor, não consigo compreender porque diacho você alimenta o ibope das novelas enquanto seu filho usa o seu dinheiro pra se alienar e te deixar tão sozinho quanto você o deixou.
E adianta fazer parte? E adianta falar? E adianta fazer critica em forma de texto anti-poético e crônica improvisada se você ainda tá aí?
Adianta eu educar o meu filho pra não dirigir se for beber, se o seu filho bebe dirigindo e mata o meu no primeiro cruzamento mal iluminado?
Caro vizinho de porta, de cidade ou de país, cadê você agora que eu preciso pra contar que o vizinho do outro lado levou seis tiros nas costas, virou esportista e anda com um sorriso no rosto como nunca vi você fazer?
Cadê você, cidadão que atropelou meu irmão e omitiu socorro?
Talvez esteja sendo muito dura...
...Afinal, alguma vez na vida você deve ter dado lugar a uma velhinha ou mulher grávida.
Talvez você tenha comprado chiclete do menino que cresce a olhos vistos no farol a caminho de casa.
[...]

Não foi parente seu que morreu doente na fila esperando atendimento? Não foi no seu bairro que houve um deslizamento de terra na ultima chuva?
Ah...entendi...
É...também não foi comigo...
Se meu único limite sou eu, o que é você então, encosto da minha vida?
Meu inferno. Sim, meu inferno é você. Este sujeito oculto ou indeterminado que me acorrenta a passos lentos.
Teu peito é o abrigo do meu inferno, minha covardia é o abrigo dos teus infortúnios.
Já se esqueceu, meu caro?
Somos uma sociedade.
Sem você eu não sou nada.
Sem mim tu não és coisa alguma...
...Nesta linda e próspera sociedade.

Camila Caringe.

27 de agosto de 2005

[...]


"Primeiro, a luz no céu não era maior do que a Lua, depois pareceu maior, infinitamente maior, e o bosque inteiro tremeu, todas as criaturas prenderam a respiração e os vaga-lumes brilharam mais forte do que jamais haviam brilhado em suas vidas, cada um convencido de que isso finalmente era amor, mas em vão..."

StarDust
Neil Gaiman e Charles Vess
(livro da vez)




(.photo by Camila.)


Dizem que as pessoas se tornam eternamente responsáveis por aquilo que conquistam. Particularmente, não aposto nisso.
Muito raramente tem-se a exata noção do quanto foi conquistado.
Você tem? Você soube de todas as vezes que alguém rezou por você ou com qual intensidade lhe desejaram tão bem? Talvez se soubesse as coisas já estariam melhores pelo simples fato de saber que alguém lhe deseja o bem tanto quanto deseja para si próprio. Mas o encanto está aí: no fato de contarmos, ou não contarmos, com algo que desconhecemos.
Eu poderia dizer que Deus o abençoou mais vezes do que possa supor. E te mostrar flash-backs de relatos eloqüentes sobre sua pessoa.
Poderia te contar das pessoas que lhe desejaram uma boa noite sem que você soubesse, e te fazer sentir o quanto algumas palavras ditas sem muita reflexão e com um toque de desmazelo mudaram o rumo dos pensamentos de tantos...
O Universo diz sim a todos os pensamentos humanos. Os limites estão dentro daquele que pensa. Pode imaginar quantas vezes alguém que conhece pensou em um desejo seu com efusivo efeito?
Sim. O vento balança a janela. As árvores acenam.
E tudo continuará ainda que você nunca mais se manifeste. Um outro há de surgir com a tua missão. Partindo de tua descendência ou não.
As gerações virão reformuladas. E as fórmulas já não serão as mesmas.
Sua ausência será sentida, será esquecida, será superada, será amarga, será indiferente, será lembrada... E tudo continuará o mesmo.
Quando não restarem mais testemunhos sobre a sua existência ou sobre a minha, quando todos os que amamos tiverem partido também, estas palavras serão encontradas em algum disquete velho, em algum arquivo morto, em algum rascunho ilegível. E todos constatarão, uma vez mais, quão antigo e freqüente é o tormento humano por tudo o que se passa.
Antigas questões, perguntas sem respostas, problemáticas insolúveis, física quântica, crimes passionais...
...E quem achar este perdido, presumirá que sua autora não pensava nisso...
[...]

Camila Caringe.

23 de agosto de 2005

...as coisas que eu penso que ninguém quer entender...

(photo by Camila Caringe)


"Se comparado a um macaco, é um gigante; mas, se comparado a esse homem, qualquer macaco é um sábio."

(William Shakespeare sobre Bush in: "Muito barulho por nada")



A felicidade em si é a busca ou alguma conseqüência divinamente presenteada a todos que ousam fazer o que deve ser feito?
Já não penso em nada que me faça acreditar na felicidade eterna e desprezo os tolos que ousam perseguir a felicidade além do bem estar...Pois somente um tolo seria corajoso a ponto de ignorar as falhas do mundo que podem ser mudadas e não são. Apenas um louco tolo seria feliz...
Venderia minha felicidade pelo sorriso de um filho, por um ideal, por um amor, por um plano, por uma certeza...Porque simplesmente há coisas que me são mais caras do que minha própria vida.
Cada pessoa encerra em si um verdadeiro Universo de idéias, sensações, traumas, desejos de infância, lágrimas de saudade, sorrisos inatos, sonhos abandonados, sedução, amor, ideal, perfeições e imperfeições. Como ignorar isso? Como pensar em agredir alguém?
E, toda vez que conhecemos alguém e tocamos a superfície desse ser, que derrubamos muros de medos ingênuos, somos recompensados pela doçura de sabermos que não estamos sós.
E como ignorar?
O mundo, com suas misérias e suas tragédias, é regido por gente assim. Como eu. Como você.
Todas as grandes catástrofes da humanidade foram causadas por homens que um dia foram bebês. Por homens que precisavam ser amados de todas as formas. Homens que choraram a perda e sentiram a glória...
E você? Continuará imune a certas verdades?
[...]
Camila Caringe.

19 de agosto de 2005

"Agora vejo que a urgência de antes não era assim tão urgente."

"Minha irmã e eu somos assim: completamente diferentes... mas iguaizinhas..."


(photo by Camila)

Após tanto tempo de tentativa, temos motivo para comemorar:
Thais Caringe, mais conhecida como Táta, entrou na fanfarra da escola e está no comando de uma caixa!

EEEEeeeeeeeee........!!!!!!!!!
Uma salva de palmas, por favor!

Quem é fã desta criatura fofa, entre em contato pelo celular, orkut, telefone residencial, mensagem ou e-mail.
Quanto a mim...piano, piano, piano, piano...

" A música, como toda a forma de arte, precisa se utilizar de certos padrões para que manifeste uma expressão cultural esteticamente agradável. Para tanto foram desenvolvidos determinados mecanismos que auxiliam o músico em sua criação e estudo da música na sua fase teórica."

Tão fácil falar...Estou vendo colcheias e pausas até na comida...


(Fica registrado aqui meu parabéns.
Parabéns Táta!)

17 de agosto de 2005

Título pra quê?

"É como naquela velha história, milorde: Não é assim, e também não digo que não foi assim; mas, deveras, Deus nos livre de assim ser!"

William Shakespeare
Muito barulho por nada
(livro da vez)


(photo by Camila Caringe)

...A mãe dizia que não, mas o menino continuava dizendo que o Sol corria rua abaixo ao amanhecer a procura dele. O menino dizia que o Sol entrava em todas as casas e o procurava olhando por entre os prédios altos. Mas a mãe só ria. E riam também quando o menino falava que o vento puxava e empurrava ele, que o vento não sabia brincar e que era ele, o vento, que sempre bagunçava seu cabelo.O menino ria sozinho da bobagem da mãe que, segundo ele, só ela não via que a onda queria carregar pra longe, pra outro país, pra outro planeta, pra outro guarda-sol. Amigos eram poucos. Por isso o menino era visto falando com bicho. Um dia disse pra vó que um esquilo apareceu e chamou ele pra dar uma volta, mas ele não foi com medo de não conseguir ou não querer mais voltar. Um belo dia o menino sumiu.E todo mundo ficou sem saber se foi Sol, se foi vento, se foi onda ou se foi o tal esquilo que levou embora aquele menino... ...Ou se a imaginação teria sido o perigo maior que ninguém havia entendido como o poderoso inimigo...
Mas eu ainda acho que não.

Camila Caringe.

16 de agosto de 2005

[no title]


...Meus braços podem abraçar o mundo. Mas as pessoas que abraço não percebem que minhas pequenas escolhas são conscientes...
Minhas pernas suportam um passo de cada vez. Mas minha imaginação voa além dos jardins do Éden em perfeições infernais.
Ser politicamente correta é tudo que não desejo agora.
A política não me agrada e o correto é muito pessoal.
Meu inferno é o que abriga o limite da minha mente. Meu sono, minha fome, minhas paixões platônicas e minha constante falta de tato.
Aí­ você chega e eu não sei o que fazer.
Fico paralisada desperdiçando momentos preciosos e toda a minha filosofia solidamente baseada cai por terra.
Desejo que você suma; Não, não... Desejo que EU suma. Na verdade, desejo que nós dois fiquemos. E que todos os outros sumam...

"...Os instintos são proeminência divina. Não se pode não notar..."




"Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...
Sou talvez a visão que
Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!"

Florbela Espanca.