29 de abril de 2009

Rapidinhas

Na rua Augusta, em Sampa, existe uma casa de facilidades (serviços femininos, ou seja, de fêmeas) que se chama "Las Jegas". Como tem o artigo definido no plural “las”, presume-se que o nome seja em espanhol (pronúncia = las rêgas). Mas tanto em espanhol quanto em português (jégas) o nome é sugestivo (apesar de que a tradução seria algo auspicioso como "jargão", "gíria"). Sacada de gênio, hein?!

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Você investe num celular bacanoso. E é roubado na 25 de Março. Aí você ganha um, que cai e quebra. Aí você ganha outro... que escorrega do seu bolso e fica no ônibus depois que você já desceu e o motorista arranca, enquanto você dá um aceno saudoso de adeus pra fumaça. Daí você ganha mais um, que cai do bolso do seu amigo quando ele vai pro bate-cabeça. E você ganha mais outro... que é levado num assalto. Tudo isso em dois anos. Conclusão = celulares são descartáveis.

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Você pula, sacode e finge dançar das 22h até às 4h com um salto de 10 cm. No dia seguinte não consegue andar e tem câimbras consecutivas. Experiência didática. Tomar nota: procure se lembrar de que é humana da primeira taça em diante e siga pensando com carinho nas próprias panturrilhas.

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Você é paciente, é educado, é compreensivo, é racional. Batata: no dia que você se enche e dá chilique as pessoas correm pra você, dizem o que você precisa ouvir para se acalmar, afagam seu ego, aprimoram seu estado de espírito. Mas primeiro têm que te enlouquecer. Pra depois consolar.


Pffff
Foi bom pra você ou quer mais?

27 de abril de 2009

Comunicação efetiva

26 de abril de 2009

(((suspiro)))

A música tocou mais alto, tocou ao redor todo e tocou dentro, quando as portas se abriram e fizeram surgir a noiva, naquela luz da noite onde ela brilhava. O sorriso cintilava para cegar os sentidos e as testemunhas perderam a compostura. Ela flutuou ritmicamente até o altar e superou com elegância o peso daqueles olhares todos na direção da sua leveza. Era iluminado aquele branco que lhe vestia e o noivo sorria... sorria...


A despeito da franca simplicidade a felicidade era complexa demais para caber nos limites da compreensão lógica. Não era racional. Não era lógica aquela magia. Um ritual, depois o outro. Discursos eloqüentemente breves. Tilintares de taças, suores de danças, amores indizíveis entre amigos. Brindes. E uma nova vida começou para dois de nós.

http://coolbride.blogspot.com/

Mas o dia seguinte serve pra você se dar conta: os amigos começaram a se casar. Isso deve significar alguma coisa...

25 de abril de 2009

Descobertas da vida - uma revolução em 10 segundos

_ Pai!
_ Hum?
_ Existe… alguma… coisa… além de homem e mulher?
_ Como assim?
_ Ah... existe homem, mulher... e quê mais?
_ Mais nada!
_ Nada?
_ Nada! Quer dizer... existe sim!
_ Existe??? O quê????
_ A Careca!

A menina olhou para a boneca bebê em seu colo e constatou, de olhos arregalados, que de fato não poderia enquadrá-la em nenhuma das características masculinas ou femininas já observadas. E ficou brava consigo mesma, por não ter percebido antes.

Essa menina era eu. Aos 3 anos de idade.

22 de abril de 2009

FRACtal

21 de abril de 2009

Insustentável peso do ser

...Mãos fortes degolando o instinto. Alheio. Altruísmo reafirmando a desgraça de si perpetuada no outro. A tradição. Em nome dela um pesadelo sob um mar de rosas. Brancas, vermelhas, cheirosas. Ninguém diria que era um ato infame contra uma vida. Saúde. Até que alguém diz. Daí todos vêem. E se as versões forem proferidas em voz alta fica mais difícil ignorar no depois. Evitável. A todo custo. Eles pagam.

Necessidades prementes de adequação e segurança urgem de dentro pra fora. E de fora pra dentro o peso de uma bigorna lançada do sótão onírico ao porão imediato esmaga aquela que se debruçou no pára-peito de seu próprio peito, olhando para fora de seu coração...

19 de abril de 2009

Don't you think?

17 de abril de 2009

Just an advice

16 de abril de 2009

PoliDez

As regras sociais da polidez, ainda que se trate de virtudes aparentes, são necessárias para que não se trave uma guerra civil em todo e cada encontro de mesa de bar, quiçá em reuniões formais, visando preservar o equilíbrio entre os conflitantes interesses do Ego e do Alter, evitando atos lingüísticos (e, porquê não, físicos) vexatórios, próprios e alheios, é claro.
No começo pode parecer complexo, mas é quase intuitivo, óh!:

_ Com licença. Boa noite. Você vai usar esta cadeira? Eu poderia pegá-la emprestado, se não for um incômodo, claro?

A esta aproximação polida, dificilmente alguém responderia:

_ Eu sentei nesta mesa primeiro, logo, este é meu território e, tanto a mesa quanto as quatro cadeiras fazem parte do que é meu por direito (face negativa, bens materiais/simbólicos). Então, idiota, não importa se eu vou usar ou não. É meu. Cai fora.

Não, não. Claro que não. Ao menos não numa situação de sanidade mental comprovada!
Da mesma forma, é pouco polido (lítote) dizer “fecha ae a janela!” em comparação com “você poderia, por favor, fechar a janela pra mim?”, embora a primeira mensagem seja mais direta e clara.

Não custa nada cuidar para que nossas interações sejam elegantes e, por isso mesmo, mais interessantes, construtivas e seguras, não é mesmo?

_ Vai ae, mano! Fala manso senão eu te dou um soco no meio da fuça, tá certo? Falei? Experimenta bancá o mandão, vai! Cê vai ver só! Nunca mais falo com você! Cuidado aí com os decibéis! Baixa a voz que não sô surdo, não, mané! Cê pensa que é quem, hein?! A gente não vai fazer Press Kit do Ovelha nem do Wander Wildner coisa nenhuma, não, nêgo. Pode esquecer. Não e não! -> Exemplo de alguém pego em pleno ato lingüístico eloqüente em proteção à sua face positiva (imagens valorizadoras de si). Qual a chance de sucesso da argumentação?

15 de abril de 2009

Fez-me sorrir

A estação de metrô próxima à minha casa mudou. Colocaram telões informativos, alguns interativos (!!) onde é possível manipular o mapa dos arredores e descobrir hospitais, escolas, bibliotecas... E nas paredes das rampas de acesso colocaram fotos e palavras de poetas e escritores famosos da literatura brasileira. Chiquérrimo!

Costumo ficar bem feliz quando alguém parece notar o conteúdo nas paredes e absolutamente chocada quando alguém pára, ainda que por breves segundos, para ler. Mas o que vi esses dias foi extra-surpreendente e ficou além da minha capacidade de deslumbre: um senhor, insatisfeito em só notar e também em ler com acuidade os trechos nas paredes, trouxe para o metrô um banquinho, gente! Um banquinho próprio, no qual se sentou, acomodou-se e se pôs a copiar as partes que mais o agradavam.

À medida que terminava um pedaço ele avançava com o banquinho, de ladinho, rampa acima e abaixo, pr’um lado e pro outro. E seguia anotando tudo, prestando atenção e desenhando as letras devagarzinho num caderninho.

Êxtase.
Sim. O mundo ainda tem jeito.

13 de abril de 2009

De um passado remoto sem testemunhas

O menino diz pra menina, no sofá da casa dele:

_ Não vou mais te beijar!
_ Vai sim!
_ Não vou, não!
_ Vai sim!
_ Não!
_ A gente vai dormir no mesmo quarto!
_ E daí?
_ E daí que eu vou te atacar a noite!
_ Não vai!
_ Eu vou!
_ Eu posso garantir que não!
_ É mesmo? Eu gostaria de saber como!


O menino sobe as escadas e volta, alguns segundos depois, falando numa voz abafada:

_ Eu vou dormir assim, óh! :
_ Ok, ok. Entendi. Eu devo ser mesmo uma pessoa altamente evitável.

12 de abril de 2009

pausa/ semi-breve

(photo by: Camila Caringe)

O silêncio é o espaço entre um barulho e outro enquanto eles tomam fôlego. Um respira porque parou. O outro para tomar coragem de começar.
O mundo por aqui tem suspirado pouco ultimamente.
Parece que a natureza frenética já está ficando sem ar. E o que faremos quando começar a sufocar?

10 de abril de 2009

(in)de codi ficável

Linguagem é vício.
Linguagem é vício.
Vício, hábito, limite, fardo, prisão, repetição, combinação, ornamento, conciliação, significação, resignificação. A linguagem é eco, eco, eco, o o o o ..
As linguagens, viagem, agem, língua, íngua, margem (de um rio de pensamento feito verbo) é vício. De um norte, morte ao acaso e à cria. Repete, repete, repete feito repente ecoando, ecoando, ecoando o mesmo verbo pros ouvidos certos.

Por quê o mundo só tem dois pólos? (o frio e o piegas)

9 de abril de 2009

Estratagema

_ Nome?
_ Camila.
_ Sobrenome?
_ Caringe.
_ Caringe? Hum… Tipo “faringe”, só com que “c”.

_ ...
_ Tipo “laringe” também, né? Hehe...
_ Olha, sabe o que é? É que eu parei de rir dessas piadinhas quando eu tinha 6 anos. Mesmo por educação, não dá mais pra rir. Você tá 16 anos atrasado para a minha tolerância simpática e é o babaca número 1.347.803 da minha lista que faz esse tipo de piadinha. Isso sem contar, é claro, os piadistas que não foram contabilizados porque eu ainda não era alfabetizada ou sequer nascida, mas meus antepassados já sofriam a inglória. Então será que você poderia, por favor – e veja que estou sendo educada –, fechar essa boca grande e fazer o que tem que fazer???
_ Nome?
_ Camila.
_ Sobrenome?
_ Caringe.
_ Caringe? Hum… Tipo “faringe”, só com que “c”.

_ ...
_ Tipo “laringe” também, né? Hehe...
_ ...
_ Você tem muitos problemas de garganta ou coisa assim?
_ Ah, sim... Sofro disso E coisa assim. Mas os problemas psicológicos são bem piores.
_ Ah, é? Que tipo de problemas...?
_ Transtorno bipolar e neurose psicótica. Estrangulei meu vizinho na última de TPM. Um problema mesmo...
_ Ah... Puxa... Que coisa... Bem, então... tá. Desculpa qualquer coisa aí, hein, senhorita?
_ ...

7 de abril de 2009

...humm...

6 de abril de 2009

Prazer

Eu fico abismada toda vez que descubro que alguém pensou uma coisa antes de mim e se tornou famoso pelos mesmos motivos que eu teria, caso tivesse sido a pioneira. Mas o abismo não vem da pretensa fama. Vem da descoberta do que eu já sabia!!!!

"A angústia, segundo Heidegger, é o sentimento que retira o homem da sua vida inautêntica e o devolve à sua condição autêntica: um ser em aberto, que deve construir sua existência."
COTRIM, Gilberto

5 de abril de 2009

Tomar nota

Despedir.
A palavra "despedir" me lembra "despir", até porque, toda a despedida é uma espécie de despir. Toda vez que se despede, você despe uma verdade racional. "Uma" porque é sempre a mesma, e não porque é indefinida.
O karaokê fecha quando o sol nasce e o sol nasce quando a noite acaba. Multiplamente aplicável.
É hora de desp(ed)ir.
[Despe d ir]
E alguma coerência engole a cigana doida.

3 de abril de 2009

Desperdício


Uma pseudo-existência compartilhando inutilidades com outras pseudo-existências.
Matéria viva pairando como natureza morta.


1 de abril de 2009

Boas Novas



















Alguém me contou, por meio das palavras de um outro alguém, sobre pessoas que tocam um mesmo instrumento e uma mesma música no caminho de sua existência, apesar de estarem apartadas fisicamente um mais do que um muito.

Eu não sei muito bem como foi, só sei que foi assim. Eu escuto daqui, ela escuta de lá, da outra ponta deste país que não é pequeno. Ela sorri de lá, eu sorrio daqui. A música, de um jeito mágico, soa nos nossos ouvidos e, desconfio, enche de graça nossos dias.
Joey Marrie só procurava uma clave quando encontrou uma orquestra. E não há melhor achado do que os sem-quereres da vida.



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[Si a ti te gusta, nuevo artículo en Back to the Egg: Receta de un desacuerdo sencillo]