29 de julho de 2008

Maybe we won't survive

Laerte

26 de julho de 2008

Frag m en ta n do & reco m bi n an do

Amortecedor
Amor tece dor
Amo te cedo
A morte ce dor
A m o r t e c e d o r
Doce ao
Redor
Certo
Eco
Reto
Mote
Medo
Morte
Cede
Tece
Amortecedor

Um vício. Eu adoro fazer isso com tudo quanto é palavra que eu trombo por aí.

Estacionamento
Est (a) ciona
Mente
Menta
Cota
Cita
Nata
Meta
Toma
Nasci
Eco (!)

Seta
Cesta
Estaciona
Estacionamento

Ufa!

24 de julho de 2008

Trechos atípicos a um auto-proclamado não-merecedor

No começo dos tempos não havia nada, senão o verbo. E era ainda o verbo falado. Falado por gente que já havia antes do verbo. E isso não é um contrasenso, porque sem o verbo, alguém é nada.

Pois bem. Havia um nada. Acompanhado que estava de vários nadas. Do tipo de nada que começa num pensamento muito simples que depois se complexifica. E tanto, e tanto, que se torna intocável ao verbo. Ficamos atônitos diante de tanta coisa, ao que alguém nos pergunta fatidicamente “Em quê está pensando?” – e respondemos “Em nada.” É este nada. Era este nada que havia antes do verbo. Era o intraduzível, não o tautológico.

Mas nascemos num tempo em que o verbo nem sempre é verbo, nem sempre é ação, nem sempre ligação. Quase tudo fez-se verbo e aprendemos, ou pensamos que aprendemos, a lê-los todos. Quiromancia, piromancia, cromatomancia, horóscopo. E, como bem sabes, POEta, não os creio muito.

[...]

E, quando tempo demais tiver passado cronologicamente, Kairos nos lembrará de que o tempo não passa para as almas que se afinizam e nos recordará do ano distante de distâncias físicas tão próximo quanto o ano seguinte a ele. Era ele. E éramos nós dentro dele.

[...]

Recobrei um por um os verbos fugitivos (aqueles, que fugiram de minhas idéias quando o facho indizível se fez de nós) que peguei pelas orelhas com o dedo em riste e uma bronca...

[...]

Eu então, munida de suas explicações sobre o que vê e vive, virei-me e caminhei até a porta. Abri-a e saí. Do lado de fora alguém pousou na sua janela cantando coisas sobre camas e palavras quentes.

(Uma ventania açoitou pela última vez os cabelos da menina.
O menino sorriu aliviado.
E todos viveram felizes para sempre! (?))

23 de julho de 2008

3008

...E me dei a pensar no que será de ‘nós’ daqui a mil anos.
Bem, para começar não seremos exatamente nós. Serão estranhos habitantes descendentes dos atuais. Possivelmente conversarão por telepatia, o que exigirá uma força sobremaneira de adaptação para gente que gosta muito de usar o verbo, como eu, por exemplo.
Depois, não teremos mais carros. Teremos discos silenciosos e não-poluentes. Percorreremos longas distâncias em curto período.
A alimentação será balanceada e em justa medida. Nada de super-big-alguma-coisa. Serão cápsulas nutritivas.
O acesso a bancos de dados online se dará mentalmente, uma vez que teremos confortáveis chips implantados no corpo, o que nos permitirá também movimentar objetos com a força do pensamento.
Minha incrível coleção de cartões postais não valerá mais nada. A globalização vai engolir a diversidade cultural. Não poderemos mais ver a mão sem braço se mexer sozinha ao comando da voz de um homem na Praça da Sé.
Shakes e faixinhas de cabelo serão desnecessários.
As pessoas serão mais educadas e mais nobres. E meninos não farão mais questão de quebrar o coração das meninas.

21 de julho de 2008

RoTiNaÇãO

Dizem que vida de jornalista é boa porque não tem rotina.
Bem, se eu fizesse as contas de quantas horas passei sentada na frente do computador no último mês, todos os dois leitores deste blog, incluindo eu, ficariam chocados.
Costas, pernas e mãos mandam dizer que sentem muito.
E de rotina só sobrou o fato de que a dependência desta máquina - que possibilita minha comunicação com a multidão de vocês dois, incluindo eu - está se tornando excessiva.

19 de julho de 2008

Sobe a cortina

A menina de cabelo longo entra em cena e diz:

_ Bom dia pessoal!

Todos devem estar sentados em seus lugares. Daí vocês respondem:


_ Tudo bem... – mas assim, distraidamente, tá?


Tá. Daí a menina, essa daí, você mesmo, diz que tá com os olhos um pouco irritados e tira os óculos escuros.


Assim?


Isso. Faz uma cara de quem não tem nada. A maquiagem já vai estar pronta nessa hora.


Tá.


Vocês aí, façam uma cara de susto e mandem-na embora!


_ Vá embora!


Isso. Com mais energia. Vamos tentar de novo!


_ Vá emboraaaa!!!!! Não queremos pegar conjuntiviteeeee....!!!!


Beleza. E a menina vai.


Cai o pano.


E ela foi.


Daí a gente mostra pro público uma tabela cromática pra todo mundo ver a cor do céu naquele dia que ela ficou em casa de óculos escuros o tempo todo:


Beleza. Nessa hora o público deve ficar com dó. Talvez esboçar um risinho.

Daí a próxima cena...

18 de julho de 2008

(suspiro)

Não é assustador quando você descobre que alguém pensou na mesmíssima coisa antes de você???

"A poesia é, sobretudo, uma estética. A filosofia é uma retórica. Ambas são falas criativas e criadoras. São experiências de expressão e comunicação. [...] O filósofo escreve aos outros em nome da lucidez. Trazer à luz, dar a luz às idéias, fazer luzir os objetos. A lucidez é o magno projeto de toda a filosofia."
Márcia Tiburi

Chocada.

17 de julho de 2008

Paradoxo-não-paradoxo

Se as pessoas entendessem que o diálogo tem duas funções, ouviriam mais. E, ao ouvir, descobririam que o paradoxo, algumas vezes, é aparente.
Por exemplo:

_ Existe destino.
_ Não. Existe livre-arbítrio.

Um encontro pode ser causado pelo destino. Mas o que acontecerá a partir dele não pode ser escolha?

_ O problema do ensino médio no Brasil é que ele não serve pra nada!
_ Como assim não serve, gente?
_ Não serve! Era pra ser profissionalizante ou preparatório, e acaba sendo, quando muito, uma revisão do ensino fundamental.
_ Bem, então ele serve, agora, se sua função é cumprida ou não já é uma outra discussão.
_ Ah, tá! Você que tá certo! Você tá sempre certo!
_ Não dá pra conversar com você!

De fato, é uma outra discussão. Então vamos a ela... Se a função de ser profissionalizante ou preparatório (não pro vestibular, mas pra uma profissão mesmo) não é cumprida, então, o ensino médio não serve...
Que até é questionável, mas veja, uma coisa não exclui a outra!
E é por isso que os maiores conflitos da humanidade acontecem por falta de diálogo...

16 de julho de 2008

Da prática

Uma mesa, uma sala, um prédio, Augusta. Era terça, era de manhã, era um sol nos espiando...

_ Então o negócio é o seguinte: temos duas opções. Nesta aqui não conseguimos falar com os responsáveis. Nesta aqui incorreremos em pecado mortal.
_ Sou a favor do risco.
_ Mas só há 13 dias.
_ Em dois dias a gente já sentiu se dá pra executar ou não.
_ Daí só vai ter sobrado 11 dias.
_ É um risco.
_ É um risco.
_ Vale a pena.
_ Vale?
_ Não sei.
_ É a capa.
_ Por isso mesmo. Repetir o plano é que não dá.
_ Essa não tem norte.
_ A gente arruma um.
_ É a capa.

Era nós. Debatendo(-nos n)a força do marinheiro. Desatando nós.

15 de julho de 2008

Férias, 3D & Gula

Eu nunca tinha ido num cinema 3D. Exceto no Parque da Mônica. Faz anos, obviamente. Era um cineminha fajuto. As crianças sentavam no chão e super curtiam um filminho de 15 minutos. O suficiente para causar frisson.
Dessa vez não. Tudo foi diferente. Fui ao centro da terra e voltei. Aqueles peixes pulando na minha cara, a água que me deixou enxarcada, as pedras magnéticas, as plantas carnívoras que quase me devoraram... uhul!

...E uma criatura empanturrada que falava em vomitar a cada 3 minutos. Depois de dois hamburgueres, batatas e milk shake, lembrou-se de que a comida não era virtual. Eu, cuidadosamente, o deixei ao lado do corredor. Quando saltei na poltrona empolgadíssima, eis que olho pro lado e o melhor companheiro de aventuras que alguém poderia ter diz:

_ Sabe o que é pior? Acho que cochilei na parte que eles saíram da caverna... Como eles saíram?
_ Eles não saíram, Rô. Ainda estão na caverna. Olha.
_ Ah...
_ AAAAAAaaaaaaaahhhhh... Deus do céu! Vou morrer do coração menino! Olha! O dinossauroooo!!!!!

Uma delícia!

11 de julho de 2008

Eu sei fazer milhos de papel crepon

E provo.
Para encomendas favor entrar em contato via blog.



Sim. Eu sei que até parece milho de verdade. Mas é só papel crepon. E fui eu que fiz! Ficaram perfeitos. Eu mesma, se não tivesse feito, poderia até colher da parede e levar pra cozinhar... Mas é só crepon. E pra tirar da parede vou ter que rasgar quando a festa acabar... HUMPF!

10 de julho de 2008

Amy

8 de julho de 2008

Exagerado

Exagero é uma palavra exagerada pra falar sobre excesso.
Nem todo excesso é bem um exagero! Mas todo o exagero é um excesso que sobrou bastante nas bordas.

Descendo pela Consolação no horário de pico, lembrei, enquanto tossia, que asma é uma reação alérgica, ou seja, é uma resposta EXAGERADA do organismo a um estímulo que pode ser esforço físico, poeira, poluição, fumaça, enfim...
Mirei o horizonte e não me atrevi a sentir o ar do fim de tarde. Aquela fumaça toda na minha atmosfera e a exagerada sou eu?
Meus pulmões protestaram.
Corri pra casa e fui escutar Cazuza.
Precisava recolocar o sentido nas coisas.

6 de julho de 2008

Um trecho de um segredo

...Uma, dentre as poucas coisas que me foram dadas a aprender nestes abrilhantados anos de sorte desde que aqui cheguei, foi que alguns sentimentos não podem nascer solitários. E não nascem. Não podem existir se não são recíprocos, porque necessitam ser alimentados. Somos espelhos. Refletindo e sendo refletidos. Espargindo luz. E nos encontramos porque vimos a luz crescer quando nos miramos simultaneamente. Fez-se um facho indizível. E todos os meus verbos despediram-se de minhas idéias diante desse raio que nasceu de nós...

3 de julho de 2008

Na gaveta alheia... uma coisa minha...

Acompanhando a evolução humana, a música reflete as profundas transformações sociais como manifestação artística do real. Seguem as provas:

Roberto Carlos, anos 70/80:
"Meu amor está tão longe de mim
Meu bem não seja tão ruim
Escreva uma carta meu amor
E diga alguma coisa por favor"

Daniel, anos 90
"Até hoje em minha vida o que fiz foi trabalhar
Correria dia e noite sem ter tempo pra parar
Era fax, telefone, internet, celular
Na verdade eu não tive sossego nem pra: pescar, caçar, dançar"

Frank Aguiar, anos 2000
"Eu vou te deletar te excluir do meu orkut
Eu vou te bloquear no msn
Não me mande mais scrap nem e-mail, power point
Me exclua também e adicione ele"

(Constatação verificada por meio de material recolhido para projeto de pesquisa)
Que coisa, não?!

2 de julho de 2008

Pequenas injustiças cotidianas

Quando me mudei era só o meu, um outro a vários metros de distância e um céu. Pouco a pouco só restaram pedacinhos do céu. Retalhos picotados por arranha-céus que rasgaram o meu.
E de novo o ritual se repete, complementa e replica.
Era uma casinha onde funcionava um restaurante por quilo. A arquitetura era interessante e eu podia almoçar na janela do meu quarto para aproveitar a música ao vivo.
Um belo dia a casa foi tragada por um buraco vazio e feio que usavam para estacionar.
Era até divertido testar a resistência do coração nas madrugadas.
“Atenção! Este veículo está sendo roubado. Ele é monitorado 24h pela...”. Enfim!
Mas resolveram transformar o buraco horizontal em vários buraquinhos verticais. E nem me refiro ao fato dos apartamentos novos serem caixas de sapato.
Na verdade, o que é chato mesmo, é ser acordada pelo barulho das escavadeiras. É um TUM, TUM, BRUM interminável desde cedo.
A impressão que tenho é que uma pá gigante atravessará a parede a qualquer momento, seguida por um exército sorridente e sádico que me dirá um sonoro “Bom dia! Sai daí por favor, que a sacada do prédio do lado vai precisar dessa parte do seu quarto.”
Eu, que não sou impressionável, diria “Ah, sim, sim. Claro. Vocês não vão precisar das minhas pantufas, né? Então vou levá-las. Fiquem à vontade.”
E, quem sabe então, assumiria de vez que preciso de um outro lugar pra dormir.