16 de agosto de 2015

Dez anos


Este blog completa exatamente hoje exatamente dez anos ou exatamente 3.652 dias (contando dois anos bissextos). 
Deveríamos colocar velas em um bolo e cantar parabéns, recuperar o top dez entre as 851 postagens, fazer especulações risíveis sobre o que motivou as 80.475 visualizações destas páginas. 
Mas fiz melhor. Contei pro Vitor meu plano diabólico. 
Ele me deu outro banner lindo e me tocou pra frente. 
Este blog a 
ca 
bou.

15 de agosto de 2015

Guardiã


Chegamos na praça pela manhã e sentamos, o mestre Jedi e eu. Uma praça do interior onde conversas fluíam melhor. Precisávamos de toda a fluidez do universo para falar sobre aquelas duas cabeças privilegiadas que nos mobilizavam. Em dado momento ele perguntou: 

__ Você acredita em mim? 
__ Acredito. Por que? 
__ Às vezes eu ouço umas vozinhas aqui no meu ouvido que me dizem coisas... e agora elas estão falando algo sobre você. 
__ Sobre mim? 
__ Sim. 
__ O que elas dizem? 
__ “A maturidade vai revelar a sua missão de guardiã.” 
__ Guardiã? Do que se trata? 
__ Não sei. Não tenho ideia. Mas você vai saber quando chegar a hora. 
__ Deve ser uma coisa muito preciosa, né?, pra precisar de guardiã. 

Demos risada.
19 de maio de 2012. 
Sei porque anotei na capa do livro de Hilda que tinha nas mãos. 
Anotei a conversa inteira, inclusive essa parte. E foi dessa parte especificamente que lembrei quando me dei conta de que o sagrado se comunica conosco da mesma maneira como nos comunicamos com ele. Se falamos poesia, ouvimos poesia. 

A moça me disse para ler todo o documento antes de assinar. Segurei o papel e li. Era uma repartição lotada de pastas com papéis que pulavam para fora do elástico, uma ilha de mesas e meu documento lá. Fui lendo do que se tratava a coisa toda nos mínimos detalhes, verificando os dados, as responsabilidades, os números. Cheguei no rodapé em que o juiz determinava: 

“Nomeio Camila guardiã de…” 

Guardiã. 
Essa palavra. 
Dei risada. 
A moça não entendeu. 
Eu sim. 
Assinei. 
Devolvi a via dela. 
Dobrei a minha. 
O mistério ganha ares ainda mais belos quando o compreendemos.

11 de agosto de 2015

Veladas


Quando vi o rosto de Suhayr pela primeira vez, não acreditei na sua beleza. A burca dava a ela um ar de profundo mistério e a única pista, um par de olhos verdes em longos cílios, era arrebatadora. E ela sabia disso. Mas como se sente uma mulher usando uma túnica escura da cabeça aos pés debaixo do sol do meio-dia? "Honrada, respeitada, protegida, valorizada." Durante alguns dias, segui os passos de sua lógica para compreender do que se tratava aquele raciocínio. 

Meu novo texto no Blog Inverso.

4 de agosto de 2015

Homens que batem


"Na nossa comunidade, onde tem mulheres feministas, quantas Xicas da vida foram mantidas em cárcere privado durante dez anos, sobreviveu e agora tem seqüelas, cega de um olho, dois natimorto, duas taquicardia, 51 anos, fiz ontem, tô viva. Eu fui espancada por um homem, mas não tomei raiva dos homens. Ainda acho que vou encontrar meu príncipe encantado. Eu quero voltar a estudar, fazer faculdade, estou começando um curso de inglês agora, não dá mais para camuflar a situação.”

Meu novo texto no Blog Inverso