14 de março de 2015

8 de março de 2015

8 de março

Foi lentamente que eu aprendi a ser mulher.
Os brincos, a cor rosa, as roupas, os modos, os trejeitos, as pernas cruzadas.
As pernas cruzadas, as pernas cruzadas. Mesmo quando estiver de calças. E calças não. Saias. E delicadeza. Comedimento. Método, moda, moral.
Foi lentamente depois a galope.
Em pouco tempo era natural. Digo, a segunda natureza.
A primeira foi ser gente. Depois foi ser uma mulher e o que se espera disso.
Pausado e pontual, no entanto, foi aprender o que é ser gente antes de ser mulher. Aprender que mulher deve ser obediente e depois desaprender.
E aprender o que é ser obediente, o que é ser acolhedora, amorosa, o que é ser histérica, radical, o que é ser desrespeitada.
Foi em câmera pausada ver o desrespeito.
A cena deu um salto quando a mulher virou mãe. “Mamãe”, eventualmente.
“Mamãe” que sabe de tudo, a quem recorre uma pequena mulher em seu aprendizado de ser mulher.
E eu querendo ensiná-la a ser antes, muito antes, apenas gente.
Ser mulher é ser pessoa, mas ter que carregar consigo uma fala gentil que lembre a quem se esquece.
Neste dia internacional das mulheres, meu reconhecimento e fraternidade a todas as pessoas que nasceram mulheres. E também àquelas que escolheram ser depois de nascidas.
É meu desejo que vivamos com dignidade.
Sejamos felizes.
Livres.
E respeitadas.