24 de novembro de 2011

Primitivo

Sinto vontade de te dizer o mundo e tudo aquilo que não sei, o que ainda não foi aprendido. Eu te diria do mistério das flores e a exatidão das peles, cores, matizes do espírito que revolucionou a ausência e desafiou a extinção que éramos antes de sermos o que agora somos. Contaria dos segredos sem, contudo, revelar o vazio preenchido da vida que não conhecemos. Há mais arte nos vácuos, esquinas, largos, as praças onde respiramos. Há beleza no espaço e eu insisto em falar do que te tenho. Eu quebro, querido, a harmonia. A riqueza atroz se insinua e tenho vontade de mitigá-la, mal posso conter o impulso. Você me olha e a perfeição precisa ser violada ou terminarei sua escrava. Melhor faria eu se permanecesse calada. Sei. Porque o nada é tão sagrado e criativo quanto o verbo bem sucedido. Costumeira, costumeira. Adicta na contradição dinâmica de me ver de diferentes jeitos sempre tão estagnada. Sou eu mesma meu oposto e juramento o sacrilégio. Sou confusa porque devo ver nisso muita elegância. O ponto exato do alto é quando não nos compreendem. Aí podemos ser verdadeiros com convicta tranquilidade. Não teremos de nos explicar. A dúvida é fruto de algum entendimento. Eu, no entanto, não gozo do privilégio de poder ser ambígua ou de outra forma imprecisa. O que te digo é direto e simples, está a salvo de qualquer engano. Uso palavra que não faz curva.


Eu te amo.

4 comentários:

Felipe Teles disse...

As palavras com curva demoram a terminar perto das palavras diretas que seguem sem freio direto ao fim da estrada.

Que sua estrada seja um labirinto reto sem fim nem começo.
Será ela direta ou curva?

A dúvida da curva é fruto do entendimento desse amor.

Anônimo disse...

Quem é esse Felipe Teles, Camila?

Amanda Proetti disse...

Que lindo, Ca!

Anônimo disse...

è um tiro no pé