“No sertão
do fim de mundo”
deve de ter até na flor
todo amor de que ele é feito
cacto, queimor
ao menos um faminto
e terra vermelha
jazendo sob o cozido.
“No sertão
do fim de mundo”
deve de suceder
chover às vezes sim
muita vez não
e quando o raro
é dia de festa
festeja também
o que não presta
pra aprender levar pisão.
“No sertão
do fim de mundo”
defloram as ancas
fêmeas como
em todo lugar
no pau dos bichos
e é prenhez de teimosia
mais do que de esperança
que faz brotar
sem água
mais criança.
“No sertão
do fim de mundo”
ouvi dizer
que vai lá ser
o berço amarelado
nascido o sol
de eldorado
constrangido do
pálido queimado
à escassez.
“No sertão
do fim de mundo”
eu vim saber que
sim foi ele
fino pensado
de vazio e solidão
em solidariedade
à reiterada rejeição
da variedade.
“No sertão
do fim de mundo”
deve de ser ainda mundo
que sertão é um tipo dele
só que diferente
do tipo que
pouca gente entende
onde talvez nada dê
em se plantando
mas que já é ele
o que pode
o que deve de ser.