Fiquei meio assim, pensando como foi. Se já chegou ali
moribunda, se foi moribundando aos poucos ou se moribundou de repente.
Entrei no salão da livraria e fui observando em linha: um
homem com um livro grande, uma mulher com um livro pequeno, pessoas olhando as
estantes, uma mulher morta...
...Uma mulher morta?
A figura deslizada em uma das poltronas se estendia sombria
e lânguida, muito torta e aparentemente sem vida, descorada em roupa escura,
deixando escorrer seu livro eleito entre as mãos.
Ao redor, pessoas transitavam como se nada ocorresse, como
se a poltrona de óbvias serventias não se houvesse convertido no jazigo pro
cansaço da bem-intencionada leitora.
No dia seguinte, quando acordei, pensei em voltar à livraria
para acordá-la também e levar alguns pães de queijo. Mas tive medo de que ela
não despertasse.