Os rostos em gozo, em conversa sem palavra, dedilhando o
tempo improvisado.
Notei na penumbra a democracia do Hammond Grooves. Um filho
de militar e um voltado pra cidade desde o Xingu sob a égide de um mesmo som.
Na nossa mesa, Maria. Mara. Mari. Moira. Não me lembro bem. Com o Paulo. Na
outra, não lembro o nome do filho do homem. Só da cor da camiseta, porque
parecia combinado com a namorada: o vermelho petista que a
Talita trazia desfiadinho nos braços. Debaixo da mesa, a volúpia que o jazz
inspira. Ou dita?
O desfile lento da silhueta desenhada por Niemeyer, Ivone recebia
quem se ia chegando.
Olhei para o lado e tive de aproveitar a presença de um
artista que ainda bem é meu amigo e me perdoa as tolices. Perguntei o que é
isso arte como quem já não suporta o silêncio de Deus às atrocidades. “É perder
o medo. O risco. Fazer alguma coisa com o vazio.”
Na parede, a discreta dica da luxúria que se quer elegância.
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