18 de dezembro de 2009
12 de dezembro de 2009
11 de dezembro de 2009
8 de dezembro de 2009
Ambigüidades são demais!
"Cachorro faz mal a milhares de pessoas"
(A notícia era sobre cachorro-quente estragado!)
"Vendem-se lençóis para casal de algodão”
(Desconfio que a pessoa quis dizer: vendem-se lençóis para casal fofinho... hummmm)
"Estamos acabando com os pobres"
(Meu Deus! Mas como? Fazendo-os fugir jogando água, igual o Kassab fez em São Paulo, ou estão usando um método mais humano, tipo afogando?)
"Subindo a serra, avistei vários animais"
(Quem subia a serra: a pessoa ou os animais?)
"Eu noivaria com você, Verinha, se tivesse um pouco de dinheiro"
(Poxa... Jogou na cara... Ser gente boa não serve pro namorado da Verinha, hein? Se eu fosse ela largava ele!)
(A notícia era sobre cachorro-quente estragado!)
"Vendem-se lençóis para casal de algodão”
(Desconfio que a pessoa quis dizer: vendem-se lençóis para casal fofinho... hummmm)
"Estamos acabando com os pobres"
(Meu Deus! Mas como? Fazendo-os fugir jogando água, igual o Kassab fez em São Paulo, ou estão usando um método mais humano, tipo afogando?)
"Subindo a serra, avistei vários animais"
(Quem subia a serra: a pessoa ou os animais?)
"Eu noivaria com você, Verinha, se tivesse um pouco de dinheiro"
(Poxa... Jogou na cara... Ser gente boa não serve pro namorado da Verinha, hein? Se eu fosse ela largava ele!)
7 de dezembro de 2009
I did it myyyyyy... way
Era tentador o lá fora. O lá fora me espiava azul por detrás da cortina de renda e eu fui até a fresta olhá-lo também. Tentava. Não era um claro, não era um arrebatamento de morno ou certezas, mas pouca coisa podia ser pior do que ali, dali onde eu tava. Não dava pra ver.
Sentei de volta, naquele vermelho vinho derramado em volta, num jeito de testar minha paciência outra vez. Mas era um frio sobrenatural. O casaco não aplacava. O cansaço não vencia. O sono não chegava.
Subi vagarando as escadas, olhei no espelho aquela palidez de 5h30 e desci. Silenciada.
Desajeitada procurei as chaves. E as testei, pedindo ao eco que respeitasse a paz dos que dormiam. Implorei.
Primeiro uma, depois duas, depois três. “Liberdade!” – pensei.
Voltei pra dentro da casa, peguei a mochila ainda largada na mesma mesa e saí ansiosa.
Tranquei por fora e passei a cúmplice daquela fuga desconexa por debaixo da porta de carros.
Virei e fui e imediatamente quis voltar. Enquanto olhava pra frente, pensava num jeito de entrar de novo debaixo daquele abraço que eu sabia onde dormia. Examinei mentalmente todas as possibilidades, mas nenhuma parecia possível.
Tocar a campainha, acordar a casa inteira e explicar que me tranquei pra fora? Não.
Pular? Não.
Gritar o nome dele da calçada? Não.
Ligar do orelhão e pedir pra alguém abrir pra mim, porque eu fugi de madrugada e queria voltar? Não.
Não titubeei por fora e continuei andando.
Antes de chegar no ponto um homem passou de bicicleta.
_ Moço, eu me tranquei pra fora de propósito, mas tô arrependida. Me ajuda a pular o portão da garagem?
Não faria o menor sentido. Ignorei aquela idéia como ignorei as anteriores e continuei andando pra frente.
“Engole essa liberdade agora, idiota.”
Engoli.
No ônibus ainda pensava num jeito de voltar. Mas o trabalho extra de não saber nem que ônibus faria que caminho me fez desistir e prestar atenção no Sol provocando a vida.
Não sou fã do cedo do dia, nada pessoal. Mas já que eu tava ali, a janela tava ali, o céu tava ali, metade laranjão metade azulzinho, porque não bater um papinho? Em silêncio.
Foi o que eu fiz. Fizemos.
Ficamos nos olhando o Sol e eu.
E, sem mais nem menos, quando me dei conta já tinha ido mesmo.
Cedi à tentação de ir por não ter cedido antes à de ficar...
_ Sua malucaaaaaaaaaaaaa!!!
...Sem nenhum arrependimento.
É que prefiro não estar onde não estou e me sentir sozinha por estar, de fato, sozinha.
E fui.
_ Retardada!
_ Ah, pára. Eu vou pra onde eu quero. Sou bem grandinha.
_ Não precisava fazer assim...
_ Esse seu papo tá me lembrando um amigo meu, que diz que sou arredia.
_ Indomável. É uma palavra boa pra você: indomável.
_ Ah, é! Essa também. Era uma das preferidas da minha mãe. Ela sempre usava essa.
Sentei de volta, naquele vermelho vinho derramado em volta, num jeito de testar minha paciência outra vez. Mas era um frio sobrenatural. O casaco não aplacava. O cansaço não vencia. O sono não chegava.
Subi vagarando as escadas, olhei no espelho aquela palidez de 5h30 e desci. Silenciada.
Desajeitada procurei as chaves. E as testei, pedindo ao eco que respeitasse a paz dos que dormiam. Implorei.
Primeiro uma, depois duas, depois três. “Liberdade!” – pensei.
Voltei pra dentro da casa, peguei a mochila ainda largada na mesma mesa e saí ansiosa.
Tranquei por fora e passei a cúmplice daquela fuga desconexa por debaixo da porta de carros.
Virei e fui e imediatamente quis voltar. Enquanto olhava pra frente, pensava num jeito de entrar de novo debaixo daquele abraço que eu sabia onde dormia. Examinei mentalmente todas as possibilidades, mas nenhuma parecia possível.
Tocar a campainha, acordar a casa inteira e explicar que me tranquei pra fora? Não.
Pular? Não.
Gritar o nome dele da calçada? Não.
Ligar do orelhão e pedir pra alguém abrir pra mim, porque eu fugi de madrugada e queria voltar? Não.
Não titubeei por fora e continuei andando.
Antes de chegar no ponto um homem passou de bicicleta.
_ Moço, eu me tranquei pra fora de propósito, mas tô arrependida. Me ajuda a pular o portão da garagem?
Não faria o menor sentido. Ignorei aquela idéia como ignorei as anteriores e continuei andando pra frente.
“Engole essa liberdade agora, idiota.”
Engoli.
No ônibus ainda pensava num jeito de voltar. Mas o trabalho extra de não saber nem que ônibus faria que caminho me fez desistir e prestar atenção no Sol provocando a vida.
Não sou fã do cedo do dia, nada pessoal. Mas já que eu tava ali, a janela tava ali, o céu tava ali, metade laranjão metade azulzinho, porque não bater um papinho? Em silêncio.
Foi o que eu fiz. Fizemos.
Ficamos nos olhando o Sol e eu.
E, sem mais nem menos, quando me dei conta já tinha ido mesmo.
Cedi à tentação de ir por não ter cedido antes à de ficar...
_ Sua malucaaaaaaaaaaaaa!!!
...Sem nenhum arrependimento.
É que prefiro não estar onde não estou e me sentir sozinha por estar, de fato, sozinha.
E fui.
_ Retardada!
_ Ah, pára. Eu vou pra onde eu quero. Sou bem grandinha.
_ Não precisava fazer assim...
_ Esse seu papo tá me lembrando um amigo meu, que diz que sou arredia.
_ Indomável. É uma palavra boa pra você: indomável.
_ Ah, é! Essa também. Era uma das preferidas da minha mãe. Ela sempre usava essa.
3 de dezembro de 2009
Lover's miths
Toda dor desespera. E o desespero vem do fato de sabermos dentro que, se não dermos um jeito de acabar com ela, ela acabará conosco. Sutil e belamente, como fosse lenda.
_ Nossa, ela mora ali, vovó?
_ Sim. Dizem que ela perdeu o juízo quando perdeu o amor. Um moço bonito que andava ao redor dela. Mas amar não bastou. Depois disso, viver também não.
_ Nossa...
_ É...
A noiva de Garibaldi certamente não foi a única.
_ Nossa, ela mora ali, vovó?
_ Sim. Dizem que ela perdeu o juízo quando perdeu o amor. Um moço bonito que andava ao redor dela. Mas amar não bastou. Depois disso, viver também não.
_ Nossa...
_ É...
A noiva de Garibaldi certamente não foi a única.
1 de dezembro de 2009
Eu vi - Parte II
Na mesma proporção que fui negativamente surpreendida quando olhei pr’aquela cara de paspalho que jamais envelheceria, fui surpreendida positivamente pela atitude daquela senhora.
_ Mas o motorista é a autoridade dentro do ônibus. Não vai fazer nada, motorista?
_ ...
_ Pois bem.
No ponto seguinte, próximo à Paulista, a senhora sai na porta e grita para dois policiais:
_ Por favor, senhores! Venham até aqui! Preciso de ajuda.
Entraram dois.
_ Este senhor me ofendeu, me agrediu verbalmente, está sentado em local reservado e disse que está para nascer o homem que vai tirá-lo daí.
O policial se dirige, em voz baixa e mansa para a criatura:
_ O senhor pode liberar o assento, por favor?
_ Claro. Pedindo com educação, sim. Mas ela não tinha pedido com educação, sabe?
Uma risada soou em uníssono. Mas eu não consegui rir. Estava com vergonha dele por ele.
A senhora se sentou e os policiais não deixaram o ônibus até que ela desembarcasse. Quando ela foi, o sujeito continuou reclamando. Foi aquela parte:
_ Depois leva uns tapa na orelha e não sabe por quê. Tem que levar pra aprender. Velha trouxa, xarope.
Esta última ela não teve o dissabor de ouvir. E eu desci. Portanto, não ouvi mais também. Mas e se não fosse perto da Paulista? E se não houvesse policiais por perto?
"Tem que levar pra aprender."
_ Mas o motorista é a autoridade dentro do ônibus. Não vai fazer nada, motorista?
_ ...
_ Pois bem.
No ponto seguinte, próximo à Paulista, a senhora sai na porta e grita para dois policiais:
_ Por favor, senhores! Venham até aqui! Preciso de ajuda.
Entraram dois.
_ Este senhor me ofendeu, me agrediu verbalmente, está sentado em local reservado e disse que está para nascer o homem que vai tirá-lo daí.
O policial se dirige, em voz baixa e mansa para a criatura:
_ O senhor pode liberar o assento, por favor?
_ Claro. Pedindo com educação, sim. Mas ela não tinha pedido com educação, sabe?
Uma risada soou em uníssono. Mas eu não consegui rir. Estava com vergonha dele por ele.
A senhora se sentou e os policiais não deixaram o ônibus até que ela desembarcasse. Quando ela foi, o sujeito continuou reclamando. Foi aquela parte:
_ Depois leva uns tapa na orelha e não sabe por quê. Tem que levar pra aprender. Velha trouxa, xarope.
Esta última ela não teve o dissabor de ouvir. E eu desci. Portanto, não ouvi mais também. Mas e se não fosse perto da Paulista? E se não houvesse policiais por perto?
"Tem que levar pra aprender."
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