21 de julho de 2010

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O Diário – Barretos
O Imparcial – Araraquara
O Imparcial


O Imparcial? Quem diabos acreditaria num jornal chamado “O Imparcial”? É difícil até de abrir o jornal. De abrir!

...E num movimento anacrônico, nesses saltos possíveis somente para uma mente que procura desesperadamente um escape do vício tedioso de dias largos demais pra caber em cima de uma mesa branca, lembrei de um tempo onde as tardes eram minhas. Nunca tive um tempo em que os dias fossem meus, mas de vez em quando tinha uma manhã, ou uma tarde, ou uma noite. Hoje tenho, quando muito tenho, os finais de semana. Mas num tempo em que tarde era sinônimo de tarde mesmo, eu abri uma coisa que não era pra abrir. Entre O Diário de Barretos e O Imparcial, abri de novo aquele Odiário.

_ Olha! O que é isso? Odiário...
_ Diário? Me dá que é meu!
_ Não dou!
_ Me dá!
_ Não vou dar!
_ Tava na minha gaveta! É meu! Me dá!


É difícil lembrar de uma ex. De um ex-chefe, ex-namorado, ex-irmão, ex-amigo. Ex-amigo é quase tão absurdo quanto um jornal se chamar “O Imparcial”. Mas eu me lembrei nesta tarde sinônimo de tela.

_ Me dá meu diário! – ela gritou comigo imediatamente antes de saltar pra cima do meu corpinho frágil e magrelo de quarta série.
_ Não vou dar antes de olhar! – respondi com bravura. E lá se foram muitos minutos, talvez uma hora ou um pouco mais. A briga pel’O Diário começou no quarto. Rolamos as escadas atracadas e fomos parar no meio sala, suadas e esbaforidas.


_ Daí, vai.
_ ...Não...
_ Eu não vou soltar.
_ Eu também não...


Até que combinamos de ver juntas, ao mesmo tempo, juntas, juntíssimas, sem nem um segundo de diferença. Eu abri a mão que mostrava um caderninho que cabia na minha palma, com um sapinho na capa brochura, onde se lia “Odiário”.

_ Ah! Isso daí não é um diário, não! É um caderninho que eu ganhei de brinde no Boticário. Chama Odiário porque nele a gente pode escrever coisas que a gente odeia.
_ Hummm


Será que o Diário de Barretos é um diário fiel do que acontece na cidade inteira? Ou será que tá mais pra Odiário? Será que as pessoas que trabalham n’O Imparcial são irrevogavelmente proibidas de demonstrações públicas de afeto, iguais àquelas que trabalham na Câmara Municipal de São Paulo? Será que lá também tem um Dress Code? And Ethical Code? Não, não. Este último aposto que não. Ou então todo mundo lá ignora, igual eu ignoro o Dress Code às sextas-feiras.

2 comentários:

Amanda Proetti disse...

É muito engraçado pra mim ver o "Minha sorte" sendo permeado pelo cotidiano maquiniano. E ainda mais legal quando isso se mistura a sua habilidade com as mãos. Sim, pq vc há de convir que vc brinca com o imaginário (o seu próprio e o alheio) como brinacria com malabares! Gosto muito disso!!!

Magno Nunes disse...

"Eu acredito no bem e no mal...
Eu acredito no imposto pedrial...
Eu acredito! Eu acredito!

Eu acredito nos livros da estante...
Eu acredito em Flávio Cavalcante...
Eu acredito! Eu acredito!

Não vai haver amor nessa porra nunca mais!

Eu acredito no seu ponto de vista
Eu acredito no partido trabalhista
Eu acredito! Eu acredito!"

Garotos Podres - O Adventista