2 de agosto de 2011

Zelador dos ventos

Eu não via problema algum. Por mim, teríamos folhas nas calçadas inteiras. Pisaríamos num chão crocante, sobre estralitos fofos no outono. As mulheres afundariam seus saltos, experimentariam o desequilíbrio e, quem sabe assim, desinventassem os degraus ambulantes. Até lá, homens e crianças levariam vantagem ao passar por onde ainda houvesse árvore.

De qualquer forma, devem tê-lo mandado. Varria a entrada do prédio com esmero e vassoura, juntando as folhas em montinhos disciplinados. Só que, como a vida tem desses ventos, acontecia de tudo voar antes que fosse possível realizar de todo o feito. E ele recomeçava, contrariado, a peripécia de viver.

5 comentários:

Magno Nunes disse...

Pq viver não é fáciO!

Luis disse...

O Mito de Sísifo, eu diria...

Anônimo disse...

Mas e se as folhas escondessem um buraco na calçada e alguma dondoca enroscasse seu salto superfino neste buraco e enfiassem seu belo rosto no chão? Quem limparia o sangue?

Camila Caringe disse...

Sei lá...

O vento.
A chuva.

...mas é mais provável que seja o zelador.

Joey Marrie disse...

Quando eu era pequena e ia varrer o quintal, isso sempre acontecia comigo. E eu nem sequer imaginava que bagunça maior viria, não só do vento, mas da vida...

;D