_ Papai! Eu quero um apontador... uma borracha...
_ Pra quê? Pra perder?
_ Não! Vou cuidar!
_ Quero só ver.
_ E lápis de cor? Pode lápis de cor também?
_ Não.
_ Não?
_ Não. Tá chegando o fim do ano. No ano que vem eu compro.
_ Ah... por favor?
_ Não.
_ Tá.
“Tá”? Como assim “tá”?
A menina não vai se atirar no chão, pedir pelo amor de Deus, orar em nome de Santo Expedito, recitar o hino da consolação, sair correndo pelada gritando, tacar a cabeça na parede, morder o próprio braço, simular desmaio, nada? Nadica?
_ Papai, você me ajuda a escolher o apontador?
_ Claro! Tchô ver... Ah... todos são bonitos... Tem esse de estrela, olha que bonito!
_ É... eu gostei...
_ E o vermelho? O que você achou do vermelho?
_ Eu gostei!
_ Então pode ser.
_ Posso pegar?
_ Pode.
_ Moça, o vermelho.
_ ...por favor...
_ Por favor, moça!
E estava encerrado o assunto.
Sem mágoas.
5 comentários:
Daí vc acordou com a menina esperniando do seu lado no ônibus.
Fim
ela confia nele, né?
ele nao vive disparando coisas que não cumpre ou o que é pior...
nao deixa de explicar o pq das coisas.
ele a respeita....por isso ela é tranquila.
rs
EXATAMENTE!
A cumplicidade não acontece porque não dizemos "não" e não colocamos limites. Pelo contrário, a cumplicidade é resultado do limite e do amor, do respeito, da consideração.
E esse pai... olha...
Vou mandar uns caras que eu conheço irem lá fazer um curso com ele. rs
Porque quando a relação está cheia de cores do amor e do respeito, principalmente do pai para com os filhos, quando não há imposição de autoridade, uma caixa de lapis de cor é mero detalhe!
;D
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