7 de dezembro de 2012

O "não" que vale


_ Papai! Eu quero um apontador... uma borracha... 
_ Pra quê? Pra perder? 
_ Não! Vou cuidar! 
_ Quero só ver.
_ E lápis de cor? Pode lápis de cor também? 
_ Não. 
_ Não? 
_ Não. Tá chegando o fim do ano. No ano que vem eu compro. 
_ Ah... por favor? 
_ Não. 
_ Tá. 

“Tá”? Como assim “tá”? 
A menina não vai se atirar no chão, pedir pelo amor de Deus, orar em nome de Santo Expedito, recitar o hino da consolação, sair correndo pelada gritando, tacar a cabeça na parede, morder o próprio braço, simular desmaio, nada? Nadica? 

_ Papai, você me ajuda a escolher o apontador? 
_ Claro! Tchô ver... Ah... todos são bonitos... Tem esse de estrela, olha que bonito! 
_ É... eu gostei... 
_ E o vermelho? O que você achou do vermelho? 
_ Eu gostei! 
_ Então pode ser. 
_ Posso pegar? 
_ Pode. 
_ Moça, o vermelho. 
_ ...por favor... 
_ Por favor, moça! 

E estava encerrado o assunto.
Sem mágoas.

5 comentários:

Magno Nunes disse...

Daí vc acordou com a menina esperniando do seu lado no ônibus.

Fim

Anônimo disse...

ela confia nele, né?
ele nao vive disparando coisas que não cumpre ou o que é pior...
nao deixa de explicar o pq das coisas.
ele a respeita....por isso ela é tranquila.
rs

Camila Caringe disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Camila Caringe disse...

EXATAMENTE!

A cumplicidade não acontece porque não dizemos "não" e não colocamos limites. Pelo contrário, a cumplicidade é resultado do limite e do amor, do respeito, da consideração.

E esse pai... olha...
Vou mandar uns caras que eu conheço irem lá fazer um curso com ele. rs

Joey Marrie disse...

Porque quando a relação está cheia de cores do amor e do respeito, principalmente do pai para com os filhos, quando não há imposição de autoridade, uma caixa de lapis de cor é mero detalhe!

;D