Cortou-me o coração sabê-la sempre tão sentada, o rosto triste ao pé da escada, ajeitando o laço do presente entre as mãos.
Como muitos romances de começo, entreteve o caminho de um e outro até que deu no horizonte. Sete anos levou o prenúncio e há um a vida estatelava na parede da frente, tanto parede que nem via janela ou porta, de novo e de novo voltando praquele que não a queria.
Em frangalhos a menina tornava e entornava de todo o coração a simpatia pelo moço sem noção, que declarava sem cerimônia ou emoção amor por uma recém-aparecida.
Em ocasião do aniversário, sua ex-menina lhe veio com dois presentes. Uma armação de fofoca com desejos de insucesso e um pacotinho, com laço de fita na frente, que ajeitava cuidadosamente entre as mãos, tão sentada, o rosto triste ao pé da escada.
Cortou-me o coração.
6 comentários:
Eu podia ficar aqui debatendo sobre o que Freud acha disso, do que ela fez e porque ele fazia o que fazia.
Mas gostei tanto da escrita que não carece estragar não.
Gente, acho que tá doendo mais em mim do que na ex-menina desse moço!...
Aahhhhh, essas moças
de laços e fitas, e anônimos dardos, que fitam e não laçam, seus moços sonhados.
Oohhhhh, esses moços, desejam calados, a moça sonhada e não notam o laço, de fita dourada.
Aahhh se soubessem o que eu sei.
É que cabe a todos nós, sapiente Anônimo, o furacão da confusão, da insegurança, a revolta, o amor quando se ama.
No caso dela, acho que valeria a pena recolher o sentimento e entregá-lo a quem mais o merecesse. Mas estou muito interessada em saber a opinião de quem sabe tanto sobre moços e moças e fitas douradas...
Aprofundar no assunto requer Lupicínio Rodrigues.
http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=Aicv3wq1xYw
Avisa a menina que o degrau tá sujo e vai estragar a carça dela...
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