20 de fevereiro de 2014

A ladainha segundo


CARINA: Eu estava brincando de pular elástico lá em casa. Estava a Alicia, a irmã dela mais nova, eu e minha irmã mais nova. Eu tinha nove anos. A gente se revezava para que duas esticassem o elástico e as outras duas fossem lá para o meio pular. Era um elástico branco, largo. As crianças brincavam muito disso. E foi a minha vez. Pulei, pulei, até que errei. Fui na direção da Alicia, que segurava o elástico nas pernas sentada nas costas do sofá. Pedi licença num jeito de mostrar que era a vez dela de pular e minha vez de segurar o elástico. Apontei lá pro meio de nós esperando ela se posicionar. De repente, só me lembro de vê-la arrastar a irmã para fora de casa. Depois disso ela não atendia mais minhas ligações, não vinha mais brincar, nunca estava quando eu ia chamá-la em casa e me ignorava quando nos encontrávamos acidentalmente.

ALICIA: Eu e minha irmã estávamos brincando de pular elástico com a Carina e a irmã dela na casa delas. Eu tinha onze anos e estava sentada nas costas do sofá, segurando o elástico com as pernas para a Carina pular. Foi quando ela errou. De repente, do nada, ela disse “licença” e apontou para a porta. Não acreditei que ela estava me expulsando da casa dela só porque errou no elástico! Ela achou que a culpa foi minha! Peguei minha irmã e saí correndo de lá. Depois disso, não atendi mais as ligações e sempre pedia para alguém dizer que eu não estava quando ela aparecia. Ficamos sem nos falar durante meses.

2 comentários:

Felipe Teles disse...

Pensei em dizer que é muito importante a interpretação dos textos, dos gestos e mais que tudo de resolver os conflitos com o diálogo.
Mas a verdade mesmo é que não se deve errar no elástico.
Jamais!!!

Magno Nunes disse...

Vai demorar, mas a Alícia precisa entender:
-Minha casa, minhas regras.