12 de setembro de 2014

Só um racismozinho sem querer


Da primeira vez em que assisti ao filme, já gostei. Depois, considerei: “mas será que não estamos sendo ambas muito radicais? Essa terapia de choque… não sei…” Ainda assim, não consegui retroceder. Na condução, Jane parecia um pouco sádica. Mas na intenção não. 


O último episódio envolvendo atitudes racistas no futebol brasileiro me fizeram lembrar da conversa ligeira que tive com ela por e-mail, há algumas semanas. Jane Elliot, uma professora de Riceville, Iowa, nordeste dos Estados Unidos, conduziu uma experiência muito realista, forçando empatia entre seus alunos de nove anos de idade, desfavorecendo-os alternadamente por suas características físicas, simulando posturas racistas, homofóbicas ou discriminatórias típicas da sociedade estadunidense. 

O filme a que me refiro se chama Blue Eyed, mas existem muitos registros sobre as palestras que ela ainda ministra nos dias de hoje, utilizando sempre o mesmo método de empatia radical que utilizou pela primeira vez em 1968, em ocasião do assassinato de Martin Luther King. “Eu dava aula na terceira série em uma comunidade branca cristã. Tinha de explicar a morte dele para os meus alunos. Não sabia como fazê-lo, a não ser fazendo com que se sentissem na pele de um negro por um dia.” Quando a notícia sobre o exercício Blue Eyes/Brown Eyes se espalhou, Jane e sua família passaram a receber represálias diversas. “Meus filhos apanharam e receberam cusparadas. Meus pais perderam seu negócio. Meu pai morreu totalmente isolado na comunidade que seu bisavô ajudou a fundar, porque havia criado a amante de negros da cidade.” 

Mas… o exercício foi criado em 1968, três anos após a queda do apartheid legal nos EUA. Agora talvez pareça um pouco deslocado. Quero dizer, o país elegeu um presidente negro. Correto, Jane?

Confira a resposta em
https://inversoinverso.wordpress.com/2014/09/12/so-um-racismozinho-sem-querer/ 

2 comentários:

Felipe Teles disse...

A ideia é instigar o leitor no seu blog o "obrigando" a continuar o texto em outros é genial.
De onde veio tal ideia carapalida?

Camila Caringe disse...

Veio dessa minha cabeça privilegiada.

hua-hua-hua!

rsrsrs