10 de maio de 2015

É dia das mães.

Vejo várias mamães falando sobre a inefável experiência materna, o amor eterno, transcendental.
Não vou falar disso. Deixo para quem transcendeu. Eu não. Nada menos transcendental do que o cotidiano: o cocô na banheira, o xixi sem fralda, o nariz escorrendo, a comida no chão, a tinta na boca, a birra no metrô lotado, a briga na escola, o tombo no caminho, a febre de madrugada, a empolgação no domingo cedo, a empolgação tarde da noite, o puxão na tomada antes de você salvar o arquivo, o desenho na hora do jornal, o grito enquanto você está numa ligação importante de trabalho, a impaciência no meio da história.
Toda a relação é uma construção. Inclusive aquelas onde o amor está presumido.
O amor é um elo que precisa ser nutrido no compromisso, no companheirismo, na espera, na ação, no ritmo, nos dias.
Este é só mais um dia.
De muitos.
Em que uma mamãe ama. E espera fazer algo de bom com isso.
Meu amor não é inexplicável. Ele se explica em cada exercício que me tira do conforto individualista. 
Meu amor não é transcendental. Mas quem sabe possa, assim mesmo, simples e imanente, no esforço das ocupações ordinárias, fazer algo de bom por mim também.


Nenhum comentário: