A sociedade.
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Não consigo leitor, não consigo compreender porque diacho você alimenta o ibope das novelas enquanto seu filho usa o seu dinheiro pra se alienar e te deixar tão sozinho quanto você o deixou.
E adianta fazer parte? E adianta falar? E adianta fazer critica em forma de texto anti-poético e crônica improvisada se você ainda tá aí?
Adianta eu educar o meu filho pra não dirigir se for beber, se o seu filho bebe dirigindo e mata o meu no primeiro cruzamento mal iluminado?
Caro vizinho de porta, de cidade ou de país, cadê você agora que eu preciso pra contar que o vizinho do outro lado levou seis tiros nas costas, virou esportista e anda com um sorriso no rosto como nunca vi você fazer?
Cadê você, cidadão que atropelou meu irmão e omitiu socorro?
Talvez esteja sendo muito dura...
...Afinal, alguma vez na vida você deve ter dado lugar a uma velhinha ou mulher grávida.
Talvez você tenha comprado chiclete do menino que cresce a olhos vistos no farol a caminho de casa.
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Não foi parente seu que morreu doente na fila esperando atendimento? Não foi no seu bairro que houve um deslizamento de terra na ultima chuva?
Ah...entendi...
É...também não foi comigo...
Se meu único limite sou eu, o que é você então, encosto da minha vida?
Meu inferno. Sim, meu inferno é você. Este sujeito oculto ou indeterminado que me acorrenta a passos lentos.
Teu peito é o abrigo do meu inferno, minha covardia é o abrigo dos teus infortúnios.
Já se esqueceu, meu caro?
Somos uma sociedade.
Sem você eu não sou nada.
Sem mim tu não és coisa alguma...
...Nesta linda e próspera sociedade.
Camila Caringe.