Meu plano de fundo é um pingüim. Nadando, ainda por cima.
Não sei bem. Acho que há algo de poético num pingüim nadando, com as asinhas abertas, espirrando a água azul por todo lado. Ele nada em direção a mim e a impressão que tenho é que um dia ele vai chegar. Num dia, um belo dia azul, eu vou olhar pra tela esperando vê-lo e ele não estará lá, mas mergulhando fundo no meu peito. E será tarde pra impedi-lo, já que desde já ele nada obstinadamente para isso.
Ou então, de repente, se perde que nem flecha de cupido em Shakespeare. Atravessa tudo naquela Noite de Verão, menos o peito que deve. Nesse caso ou num assim, meu pingüim que há tanto nadou pra mim deixaria a tela derramando água nas teclas queridas para me encontrar, ou melhor, não me encontrar, na privada, na copa ou no filtro, enchendo minha garrafinha. Ele nadaria com força e com o mesmo fôlego de amor toparia na cabeça da colega de trás, recém pedida em casamento e de mudança para outro país. Meu pinguinzinho ficaria sozinho, tadinho, sozinho de mim e perdido. E eu sem ele na tela nadando, perdida da esperança de que um dia ele chegue, finalmente.
A vida é feita dessa esperança, afinal. A esperança tola de que num amanhã do amanhã teremos algo mais que hoje. É vã a esperança é vã. Mas é assim que nós somos.
Por via das dúvidas, limitei minhas levantadas da cadeira. E, quando saio, deixo o e-mail aberto bem em cima do pingüim. Tanto melhor que se perca na caixa de entrada do que num país tropical...
...Ou que se enrosque no cabelo de alguém de partida.
29 de julho de 2010
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7 comentários:
Que coisa mais linda! Só me responde uma coisa? Como é? Como é poder fazer poesia assim, de tudo, pra tudo, por tudo??? Amo isso em vc!!!
Me lembrou contos de fadas por sms. Um afago, uma atenção carinhosa exclusiva...me tornando toda especial.
Eu curto pinguim...
Mas sem trema...
Os outros estão extintos!
AMEI seu blog. Ele é agradabilíssimo!
Estou seguindo!
Beijos!!
Amei o seu pinguim... e o seu post.
Afinal, ave que não voa, por ter asas atrofiadas, deve se resignar?
Claro que não – dizem-me os dois – se não posso voar como os pássaros, voarei por baixo d´água, para fora do teu monitor, para além da tua imaginação.
Ambos se fundiram em poesia e me fizeram recordar de você.
adorei a idéia do pinguim invadir seu peito
quando eu usava imagens no desktop, sempre entre uma travada e outra no trabalho eu minimizava tudo e ficava cara a cara com o infeliz que ilustrava meu monitor.
as vezes, a 'travada' do trabalho era tão grande que saiam musicas, poemas e filosofias dos vários porques sobre eu ter escolhido a tal imagem.
muitas 'considerações' depois, descobri que, colocar uma 'textura' ao invés de uma foto, me deixava mais quieto nos momentos irônicos do 'bloqueio'.
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