Quem os olhasse teria visto o mesmo que veria em mim, acarinhada que fui. Um, dois, três cavalheiros e um cachorro no fim daquela tarde, calçada, cenário público pruma cena íntima. Insistir em ser delicado e generoso num ambiente grosseiro é um ato de coragem, de fé.
_ Não, mas olha, vou te ensinar: quando você lava o cabelo, o condicionador tem que vir da metade pra baixo. Se você passa em tudo a raiz fica oleosa. Condicionador é só mais pras pontas. Agora shampoo, não. O shampoo sim, você tem que passar bem na raiz, pra lavar bem. Mas tem que enxaguar. Tira tudo, daí vem o condicionador, porque daí... – dizia o primeiro para seu modelo enquanto lhe ajeitava uma bela trança nos cachos. Mas o importante não era a trança, nem a dica, nem o cachorro ali parado, nem eu ali olhando. O importante era a feição do que recebia, obediente, a trança. Lia-se nele o que se lê no humano que tem carinho no ato de seu recebimento. Lia-se cumplicidade e gratidão. A delicadeza como a mais contundente resistência.
22 de abril de 2011
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8 comentários:
mais delicadeza ainda de quem relata...
mais delicadeza ainda de quem relata... (2)
Ai, que lindo...presenciar uma coisa dessas de vez em quando faz atéa gente voltar a acreditar no ser humano, não?!
Bjs
Com delicadeza, em palavras, tu desenhas as cenas vistas e sentidas.
;D
mais delicadeza ainda de quem relata... (3)
... Hmm, então é por isso que meu cabelo fica esquisito quando passo condicionador? Hehehe.
Esta bela cena fez aumentar minha eterna vontade de pentear teus lindos cabelos pretos.
-Silvio não é assim...
-Ok Jassa, vc que mandammmm... Rarai hi hi...
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