22 de abril de 2011

Sobre papelão

Quem os olhasse teria visto o mesmo que veria em mim, acarinhada que fui. Um, dois, três cavalheiros e um cachorro no fim daquela tarde, calçada, cenário público pruma cena íntima. Insistir em ser delicado e generoso num ambiente grosseiro é um ato de coragem, de fé.

_ Não, mas olha, vou te ensinar: quando você lava o cabelo, o condicionador tem que vir da metade pra baixo. Se você passa em tudo a raiz fica oleosa. Condicionador é só mais pras pontas. Agora shampoo, não. O shampoo sim, você tem que passar bem na raiz, pra lavar bem. Mas tem que enxaguar. Tira tudo, daí vem o condicionador, porque daí... – dizia o primeiro para seu modelo enquanto lhe ajeitava uma bela trança nos cachos. Mas o importante não era a trança, nem a dica, nem o cachorro ali parado, nem eu ali olhando. O importante era a feição do que recebia, obediente, a trança. Lia-se nele o que se lê no humano que tem carinho no ato de seu recebimento. Lia-se cumplicidade e gratidão. A delicadeza como a mais contundente resistência.

8 comentários:

FlamingLips disse...

mais delicadeza ainda de quem relata...

Amanda Proetti disse...

mais delicadeza ainda de quem relata... (2)

*Livia* disse...

Ai, que lindo...presenciar uma coisa dessas de vez em quando faz atéa gente voltar a acreditar no ser humano, não?!
Bjs

Joey Marrie disse...

Com delicadeza, em palavras, tu desenhas as cenas vistas e sentidas.

;D

Thais, sua hermana disse...

mais delicadeza ainda de quem relata... (3)

Luciano de Souza disse...

... Hmm, então é por isso que meu cabelo fica esquisito quando passo condicionador? Hehehe.

Anônimo disse...

Esta bela cena fez aumentar minha eterna vontade de pentear teus lindos cabelos pretos.

Magno Nunes disse...

-Silvio não é assim...
-Ok Jassa, vc que mandammmm... Rarai hi hi...