21 de junho de 2011

Turning tables

Essa vez foi como todas as outras. Piripaque, jejum, insônia, experiência de quase morte. Depois da desintoxicação, um ritual singelo. Entre os artigos de escritório da prateleira encontrei a caixa sob medida para a sua meia-dúzia-de-coisas. Asséptica, lilás, que é a cor da transmutação no mundo espiritual. Não esperei, claro, que você notasse esse cuidado, além de ter ajeitado ordenadamente seus vídeos, livros e a escova de dente no topo da pilha, como cereja do bolo ou king-kong na ponta do arranha-céu. Coloquei a escova de ladinho, pra não cair. Daí inverti com a sua foto de criança, enrosquei no fio do seu HD. Achei ali um canto e só faltava a etiqueta, com seu nome implicitando algo terrível: aqui jaz um equívoco a dois.

E nada mais se disse a respeito.

2 comentários:

Joey Marrie disse...

E porque cuidamos tão bem dos objetos dos nossos "mortos"? Seria um respeito por quem nos foi importante e não mais está, ou seria o medo/desejo de que eles ressuscitem?
Sim, porque mortos ressuscitam, ou porque eles mesmos querem ou porque nós o desejamos...

Magno Nunes disse...

Malditos correios...
Erraram meu nome...

A sorte é que tava escrito "Lindo"...dai sabiam que era minha ahahahaha