Essa vez foi como todas as outras. Piripaque, jejum, insônia, experiência de quase morte. Depois da desintoxicação, um ritual singelo. Entre os artigos de escritório da prateleira encontrei a caixa sob medida para a sua meia-dúzia-de-coisas. Asséptica, lilás, que é a cor da transmutação no mundo espiritual. Não esperei, claro, que você notasse esse cuidado, além de ter ajeitado ordenadamente seus vídeos, livros e a escova de dente no topo da pilha, como cereja do bolo ou king-kong na ponta do arranha-céu. Coloquei a escova de ladinho, pra não cair. Daí inverti com a sua foto de criança, enrosquei no fio do seu HD. Achei ali um canto e só faltava a etiqueta, com seu nome implicitando algo terrível: aqui jaz um equívoco a dois.
E nada mais se disse a respeito.
21 de junho de 2011
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2 comentários:
E porque cuidamos tão bem dos objetos dos nossos "mortos"? Seria um respeito por quem nos foi importante e não mais está, ou seria o medo/desejo de que eles ressuscitem?
Sim, porque mortos ressuscitam, ou porque eles mesmos querem ou porque nós o desejamos...
Malditos correios...
Erraram meu nome...
A sorte é que tava escrito "Lindo"...dai sabiam que era minha ahahahaha
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