“...E eu estava conversando esses dias com o meu melhor amigo, que é alguém de quem eu até pensava que... poxa... ele foi um cara que fez escolhas erradas e fracassou, né? Mas daí, conversando com ele, eu levei um tapa na cara. Não é nada disso.
O cara mora num cortiço lá. Um só quarto com uma cama de casal, um guarda-roupa, um fogão e uma geladeira. Só. Não cabe mais nada. E é um lugar onde você anda com as perninhas apertadinhas assim, sabe?, porque senão não dá pra andar. E pensa: o sujeito com 22 anos, 22 anos, dormia na mesma cama o pai, a mãe e ele.
Bom, ele conheceu aí uma menina numa balada. Daí dormiu com ela, ela engravidou, enfim. Teve o bebê. Então passou a dormir na mesma cama de casal o pai, a mãe, ele, a mulher e a criança. Eles se casaram.
Esses dias sentamos para conversar e eu fui contar minhas peripécias de solteiro, já que ele casou e não me acompanha mais. Em determinado momento eu falei pra ele: “Mas cê não acha que cê perdeu muito por ter se casado tão cedo?” E ele me respondeu: “Pode ser. Mas ganhei muito também.”
Eu olhei pra ele e senti a sinceridade. Quer dizer, o cara tem outros valores, cultua outras coisas... Foi uma lição de vida pra mim.”
7 comentários:
Excelente
Nenhuma historia eh melhor do que a nossa historia
Grande R!
Eu já quis salvar o mundo. Hoje me contento em ajudar as velhinhas a atravessarem a rua. Antes eu pensava que desistir é um ato de covardia. Hoje, e às vezes, penso que em determinados casos é um ato de sabedoria.
A simplicidade me comove!
Eu também já quis salvar o mundo e acho que ajudar velhinhas não é pouca coisa.
Eu também já achei que desistir era covardia. E continuo sem conseguir distinguir muito bem o momento em que a persistência deixa de compor virtude e passa a ser inesperada teimosia. Mas ando pensando seriamente em desistir de algumas coisas.
Agora, a simplicidade... também me toca profundamente.
Ah a vida é assim, o que vale pra um...num vale pro outro.
O que nos resta é a sinceridade. Se a felicidade está em dividir seu espaço, que assim seja.
Alguns diriam amém, outros não.
Baladas, peripécias de solteiro= efêmero;
Pai, mãe, esposa, filho= não eterno, mas duradouro;
Não se satisfaz a fome apenas com algodão doce. Bom, deve ser a mesma coisa com a felicidade, né?
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