Nome auspicioso. Quando dizem “ah... não sei que... tá com a Terezinha ou precisa ver com a Terezinha” você já espera alguma coisa. Em um dos prédios onde morei quando era pequena tinha uma dona Belinha que... bom... Ficava lá na janela o dia inteiro, com óculos enormes que viam tudo. Era a relações públicas do pedaço. Lembro dela falando pra minha mãe que tinha uma vizinha que a incomodava todas as noites, porque lavava louça até tarde e fazia barulho. Ela dizia estar averiguando a identidade ainda, mas já tinha pistas.
Minha mãe engoliu seco.
Eu gostava quando tocavam a campainha dela, porque tinha o som de passarinhos. Mas isso quase nunca acontecia, de alguém estar à porta desejando vê-la.
Não sei se é o caso da Terezinha. E também não sei se na vida pessoal alcovita, mas na profissional faz isso profissionalmente. Fala o tempo todo não para que a escutem, mas se escutarem também não lhe faz caso, com a arcada de cima avantajada em um sorriso meio horripilante e amarelado do café. O cabelo mais manchado que grisalho em tamanho médio, com uma tiarinha pra não cair mexas ressecadas nos olhos e impedir a melhor visão de tudo. A fisionomia lhe faz juízo: os olhos saltando das órbitas parecem querer engolir o que se põe à frente. A natureza de suas intervenções é muito diversa, mas sempre negativa. Comenta o alheio e aí cabe de tudo: vestimentas, penteados, presenças, ausências, adivinha a ideologia política subjacente nos discursos a partir do “boa tarde, pessoal, gostaria de agradecer o convite…”
É capaz de falar ininterruptamente por horas, emendando um assunto no outro fluidamente sem que o interlocutor necessariamente participe de maneira ativa do bate-papo, que segue animado até que possa ser interrompido por alguma fatalidade. Nem um “ã-hãm” é necessário. Se alguém, por acaso, cruzar com ela o olhar e deixar pista de que lhe viu, esta será, inescapavelmente, a próxima testemunha de sua vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário