7 de junho de 2009

Um retrato - porque é possível dizer de si sem dizer nada, e é possível que alguém o ouça

Um jeito de músico, grisalho e preso num rabo de cavalo mais ou menos ajeitado, entrou no ônibus com sua presença forte e imponente, mas casual. Era grande porque eram firmes e espessas suas sobrancelhas de poucos, mas bons amigos. Um dourado pendia numa cruz de uma argola, acentuando sua maneira de ser, claro e expansivo, embora recluso e encolhido. Ocupava o espaço que ocupava e nada mais, porque de mais não precisava. Só mesmo a paisagem passando depressa lá fora, tão rápido quanto as rodas podiam girar. Não precisava nada além do que aquilo o que ver, hipnótico e contemplativo com a mão direita no queixo, num jeito de pensar. Mas o olhar não era perdido, não, senão atento e garantido no que não dizia ao esconder os lábios fechados com seus dedos e palmas enrolados.

Ele passou de cenho franzido numa sobriedade que beirava a apatia, mas não tenho certeza se isso tudo era ele ou se era eu, presa nos olhos de águia um pouco guiados por nenhuma transparência.

7 comentários:

Magno Nunes disse...

E os olhos de águia que sempre caçam já acharam cobradores, meninas, senhoras e outros tantos personagens que fazem parte do nosso dia a dia...

E achou dentro do caos criado por uns coisas nunca antes vistas...e é responsável pelo seu achado....

Amanda Proetti disse...

Seu texto é tão magnifíco... sempre... mas de vez em quando é ainda mais, sabia?!

Inspiro-me!

Anônimo disse...

Menina...

Fabis Matrone disse...

Sinto me um adolescente ao ler seu texto rs

Hj estou como seu post anterior!

Amo-te!

Joey Marrie disse...

Há a sensibilidade de contemplar certos momentos, absorvê-los... vivê-los, mesmo que eles nos venham por olhos e gestos alheios!

^^

Magno Nunes disse...

É nois Joey!
Isso me lembra Joey Ramone...

#Eric Silva# disse...

Momentos, pessoas, palavras, sensações, aparências...e tudo isso você descreve tão bem! Adoro passar por aqui!