Um jeito de músico, grisalho e preso num rabo de cavalo mais ou menos ajeitado, entrou no ônibus com sua presença forte e imponente, mas casual. Era grande porque eram firmes e espessas suas sobrancelhas de poucos, mas bons amigos. Um dourado pendia numa cruz de uma argola, acentuando sua maneira de ser, claro e expansivo, embora recluso e encolhido. Ocupava o espaço que ocupava e nada mais, porque de mais não precisava. Só mesmo a paisagem passando depressa lá fora, tão rápido quanto as rodas podiam girar. Não precisava nada além do que aquilo o que ver, hipnótico e contemplativo com a mão direita no queixo, num jeito de pensar. Mas o olhar não era perdido, não, senão atento e garantido no que não dizia ao esconder os lábios fechados com seus dedos e palmas enrolados.
Ele passou de cenho franzido numa sobriedade que beirava a apatia, mas não tenho certeza se isso tudo era ele ou se era eu, presa nos olhos de águia um pouco guiados por nenhuma transparência.
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7 comentários:
E os olhos de águia que sempre caçam já acharam cobradores, meninas, senhoras e outros tantos personagens que fazem parte do nosso dia a dia...
E achou dentro do caos criado por uns coisas nunca antes vistas...e é responsável pelo seu achado....
Seu texto é tão magnifíco... sempre... mas de vez em quando é ainda mais, sabia?!
Inspiro-me!
Menina...
Sinto me um adolescente ao ler seu texto rs
Hj estou como seu post anterior!
Amo-te!
Há a sensibilidade de contemplar certos momentos, absorvê-los... vivê-los, mesmo que eles nos venham por olhos e gestos alheios!
^^
É nois Joey!
Isso me lembra Joey Ramone...
Momentos, pessoas, palavras, sensações, aparências...e tudo isso você descreve tão bem! Adoro passar por aqui!
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