2 de agosto de 2010
Anósnão
A gente não decide.
A gente vai decidindo...
A gente não escolhe.
A gente vai escolhendo...
A gente não toma uma atitude. A gente percebe que ela é que nos tomou! e nós?
...Nós não tínhamos escolha, não decidimos nada.
A vida involuntária que vive em nós é que acontece. Um humano é um fantoche do algo maior que lhe sobrevém e sobrevive a ele, que fica depois dele. Nós éramos isso quando a manhã com pena nos encontrava ali jazidos: subalternos da paixão que não faltava pra ser amor. Ela tinha que acontecer, a manhã tinha que se acontecer a si, que acordar a noite, que cumprir sua missão tenra e morna de ser manhã de agosto.
A vontade não é bem o que move o que há, mas a não-vontade, o essencial que nos falta, o que nos falta, o que não é, a falta que faz é que nos suga pra dentro da roda e nos coloca em movimento. A noite podia ser eterna, um instante podia ser estanque, mas o estanque é ilusão que não serve nem mesmo pra ser ilusório. É ilusório o amor que é presente porque se ausenta.
“O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça – que se chama paixão.” (LISPECTOR, 1964)
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5 comentários:
É...e quando a gente nota, já foi...
E não tem mais volta...
Tem muita gente que acha que vive, que escolhe... não vivemos somos vividos, e é melhor até do que tentar escolher... quando escolhemos não raro nos enganamos, quando flui, simplesmente flui... o rio segue seu curso, e eu te amo.
Eu já acreditei no destino, mas foram tantas as mentiras que ele me contou, que hoje sigo por conta própria. Mentira por mentira, afinal, eu as conto melhor.
Pergunte para a tal Clarice, como fazemos para sermos merecedores do tal golpe da paixão.
Existe uma canção que diz "quem ama, ama o amor e não outra pessoa".
Numa certa conversa o questionamento de uma amigo meu "se a outra pessoa não está, não há amor".
Mas é claro que há. Por que o amor é como Deus, onipresente. Não precisa ser visto, concreto, para existir e ser sentido.
;D
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