Encontrou entre as folhas impressas da pesquisa as
instruções do jacaré.
Sentou com o menino e primeiro separaram todas as peças
amarelas que seriam necessárias. Enquanto isso, ele foi desabafando as
experiências dos quatro anos, a escola, a babá, a irmãzinha e a calopsita da
prima, que tinha uma crista assim alta que ele fazia com gel no cabelo pra
ficar igual.
Na parte dela as peças de Lego eram maiores, porque as
crianças eram menores. Antes de começar o evento ela pesquisou muitas formas
diferentes, imprimiu e organizou em uma pasta, para consultar o repertório e
não decepcionar a infância. Uma coisa de feeling, não que fosse exigência.
O jacaré ia aparecendo na parte do gato da vó que só fazia
cocô no cestinho do crochê...
__ Você não tem respeito mesmo.
__ Oi?
__ Você não tem respeito por mim, nem pelo meu filho, nem pela
nossa religião.
__ ...
__ Se você não tem fé o problema é seu. Mas não desdenhe
assim das famílias de fé.
__ Hum?
__ Vem, filho.
__ Mas mãe... o jacaré...
__ Solta isso. Olha o que você fez, menina. Sua
desrespeitosa. Menina insolente. Vamos filho.
Minha grande torre colorida ia aparecendo na parte em que
ela me explicou o que concluiu mais tarde, conversando com a supervisora do
evento da Lego sobre a situação:
“Não farás para ti imagem de escultura representando o que quer que seja do que existe lá em cima, no céu, ou cá embaixo, na terra, ou nas
águas que estão debaixo da terra.” Deuteronômio, 5:8
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