9 de janeiro de 2015

Pari normal


A primeira coisa que disse para o médico do convênio que me atendeu para o pré-natal foi que queria ter um parto normal. E foi a última coisa também. 
Já na trigésima nona semana, ele vaticinou: “a bebê vai entrar em sofrimento fetal. Eu te opero na terça”. Tivesse eu aceitado, a bebê perderia 3 dias de barriga e um parto perfeitamente normal, sob os olhares de uma mamãe suada e lacrimosa e um papai de mão firme, que cortou o cordão umbilical. Teríamos perdido uma à outra, digo. Aquele momento lindo em que estávamos sujas e éramos, pela primeira vez na vida, duas pessoas distintas. 

Eu chorei. Ela não. Espertinha, veio pro peito. 
O médico do convênio nunca mais teve notícias de nós duas. Não voltei nem pra agradecer pelos meses de consultas meio afobadas e atrasadas. Ingrata. 
Nem voltei pra dizer pra ele que, naquele dia, entrei no consultório rindo da piada ótima que fizemos enquanto descíamos a rua. E saí do consultório chorando, com medo de que minha bebê estivesse sofrendo na barriga. 

Nem voltei pra dizer pra ele que, depois da última conversa, falei com mais 4 médicos e nenhum deles me disse que a diminuição do líquido amniótico era crítica. Pelo contrário: era o esperado, já que eu estava na última semana de gestação. 
Também nem voltei pra dizer que a minha bebê nasceu saudável e que não me anestesiaram pra parir. Foi na raça, caras. E eu não morri. E ainda vou dizer uma coisa aqui pra vocês: sou totalmente a favor do parto normal e fiquei muito feliz de saber que o governo adotará medidas para coibir a cesariana entre pacientes de convênios médicos. Demorou, mas antes tarde do que nunca. 

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