28 de janeiro de 2015

Primeiro dia


Com o atraso do primeiro, escolhi aleatoriamente um taxista-segunda-opção, quem ganhou mais de uma hora até o aeroporto para reelaborar comigo o processo de separação, segundo casamento e como foi que ele perdeu completamente o contato com a filha Júlia, que hoje está com 12 anos. 
Um caso de alienação parental em decorrência de uma separação unilateral. Ele queria cair fora. Ela não.

Quando ele era gerente de um banco, ela se sentia perfeitamente à vontade para, por exemplo, no aniversário, pedir o cartão de crédito dele emprestado para comprar um presente para si mesma. Foi assim que ele pagou em dez suaves parcelas uma bolsa Louis Vuitton de oito mil reais. Mas daí, depois que o Sudameris foi comprado pelo Real que foi comprado pelo Santander, a qualidade da chefia ficou em 5,0 na escala Richter: assédio moral obsceno. Na última reunião o chefe mandou ele tomar no cú. Ele levantou e disse "vai você que cê deve gostar. tô indo embora" e foi. Com os direitos trabalhistas comprou o táxi e o padrão de vida caiu. A mulher não soube compreender.

Depois que se separaram, ela chegou a invadir o prédio da nova namorada. E também bateu no carro dele enquanto ele saía da garagem da casa dos pais. Amassou a lateral do táxi para ele não ir encontrar a namorada e ainda ficar sem meios para trabalhar.

A despeito dos problemas, a nova relação se fortaleceu e ele decidiu se casar novamente. Como último recurso, a ex disse que ele nunca mais veria a filha. E ele nunca mais a viu mesmo. 
Ele disse que chegou a procurar seus direitos, mas percebeu que a justiça favorece a mãe em uma separação litigiosa e, fortalecida por uma ou outra mentira, a ex-esposa tem as prioridades da guarda exclusiva e usa de alguns artifícios para inviabilizar o contato paterno.

Ele conta que tenta ligar pra menina toda a semana, mas que parece que a ex-mulher trocou os números de telefone, já que, além de ela não atender, agora respondem pessoas cuja voz ele desconhece.

É um peso que ele carrega no peito, esse desrespeito à paternidade, essa distância da filha. 
18 de fevereiro de 2013 foi a última vez que ele a viu, uma segunda-feira. A data ele mesmo mencionou.

Agora planeja ter um outro filho com a atual esposa.

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