15 de junho de 2012

Variável imprevista


Passaram um tempo eles dois pensando em tudo. Horário de saída, de chegada, hábitos, belezura de menina, mais bonita a casa, certeza com muito dinheiro dentro. A tensão no carro e o teu cheiro de suor.

_ É teu.
O jornal no chão, dois dados vermelhos pendendo por detrás de espelhinho junto com uma fitinha de Santo Expedito e o símbolo do feng shui. Fazia mais de ano não lavava o carro.
_ E eu não sei? Hum. Se vê!
E a espera contando tempo de mil anos.
Era pouca a chance, tinham de ser rápidos, seguros, cada um no lugar de combinação, freio, segredo, a planta na mão, plano perfeito. Não tinha como sair errado.
Do outro lado da rua a viram chegar, olho baixo, contando passo, cabelo liso escorrido, mechinha no rosto a menina tira charmosa, ganha dez da plateia que quase desiste do empreendimento. Um deles resolve rezar, pedindo a proteção de Deus e do anjo para o que vai fazer, com mocinha rica nunca tinha mexido e se não desse trabalho extra estranharia. Checou a medalhinha de uma Nossa Senhora sabe-se lá do quê no peito, colocou pra dentro, gola acertada, mão no retrovisor e a menina vindo, o pezinho róseo na sandalinha delicada, devia ser um amor a belezinha.
O outro perguntou se era mesmo, porque aquela roupa nunca tinha visto, não conhecia, era mesmo? Era. Ela mesma. Não ia ser sacrifício tratar bem tão bonita, que uma semana ou duas o caso já estaria resolvido, ela devolvida, um pouquinho do cabelo cortado pra assustar a família e talvez unha, que é perto do dedo e faz mais efeito de baque, fica aí material pra DNA.
A menina com caderno na mão e vindo, os fios claros, quase louros, a mão delicada ajeita atrás da orelha, desavisada, um passo depois outro já na direção da porta quando salta um desconhecido à sua frente e anuncia seu sequestro.
A menina pálida e sem voz não consegue avisar, não consegue dizer, só espera entrar no carro pra desmaiar. Semi-acordada semi-não, olha pra cara dos cretinos incrédulos, a carteira dela na mão, menina rica atestada inútil. Tiveram mesmo que matar a empregadinha.

2 comentários:

Magno Nunes disse...

BARRRRRRRRRRRBARIDADE

Joey Marrie disse...

É, né, errou deleta...!

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