31 de maio de 2012

Histórias do mosteiro - Parte II


“...o belo como sentido não-subjetivo...”

“...tomar a aparência por essência é um dos tipos de falsidade...”

“...quem pergunta sai da ignorância...”

“...dualidades platônicas...”

“...o belo em si provoca um estado de alma...”

“...reminiscências do divino...”

“...educar é violentar também...”


Saí da aula um pouco pisando nas nuvens, sem perceber o chão, com a cabeça cheia das belas paisagens antigas e...

...me deparo com uma barata gigante vindo na minha direção.

Argh!

O mundo é um desencanto, hein?

30 de maio de 2012

Histórias do mosteiro – Parte I


É curioso ver seus monges silenciosos transitarem entre as paredes sangrentas de tijolos expostos, elegância esgueirante e taciturna preenchendo os corredores, misturando-se aos móveis lentos.

Aproximei-me afoita e desajeitada como é o caso quase sempre, em cima da hora, correndo entrada e degraus acima. Foi quando estanquei. Meus passos pesados de gente atrasada, no entanto, não o perturbaram. Seguiu cantando e eu, subitamente aquietada pela serenidade da voz masculina, reduzi cautelosa de não desarticular a paz alheia. Entre um andar e outro, encostei discreta na esquina roubando tempo de onde não tinha e fiquei contemplando. A noite ia caindo e era como se ele a saudasse, despejando graça no ar enquanto expirava em tons gregorianos. As paredes espessas como se fosse ali tudo igreja favoreciam o espalhamento em ondas. Ele cantava pra fora da janela, mas era dentro que reverberava seu canto medieval.

Dentro de mim.


28 de maio de 2012

Do extremo mau gosto


Não conhecia o vídeo e raramente vi esse programa, mas conheço pessoas que o assistem frequentemente.

Sugiro ao canal responsável que a atriz que faz o papel de repórter seja deslocada para participações que melhor se adequariam ao seu estilo clown.

A entrevista é de todo humilhante e não pude ver até o final.
Como jornalista, sinto-me ferida na minha integridade.
Como ser humano, estou ofendida pelo tratamento que dispensaram ao menino.
Como cidadã, fui ultrajada pelo discurso social ali veiculado.

Espero, honestamente, que esse e outros programas promotores do mau gosto e da desinformação sejam afetados por medidas judiciais e que este caso sirva de exemplo.

A imprensa que estupra
ELIANE BRUM
(clique)

27 de maio de 2012

Da série: pesadelos vivos


Sonhei que andava por dentro de um grande casarão antigo, cujo chão e teto eu os reconhecia de madeira enegrecida e rangenta, apesar da escuridão do lugar.
Eu caminhava como que por becos, dando num e noutro canto. Entre os aposentos via cenas de umas eus que não eram eu, como pequenos recortes de vida subitamente iluminados por uma luz focal que se movia. Era uma eu entre pessoas, outra eu entre cigarros, mais uma em um show em que nunca estive e ainda eu numas roupas esquisitas.
Embora tenha flagrado meus duplos em comportamentos erráticos, não era isso o que me perturbava. Mas todas elas tinham outra cor de pele, cabelo, outro tônus. Era o conflito dos aspectos o que me foi nauseando.
Durante o percurso procurei lembrar de alguma grande referência de mim e fui então procurar meu antigo amigo entre os cômodos envelhecidos. O encontrei, num canto, onde não queria ser encontrado. Ficou bravo, mandou-me sair. Porque demorei, foi-se ele embora fugido e eu atrás que podia, mas senti que não devia, acompanhá-lo.
Não fui, mas caí então em profundo desespero. Chorei o choro que se pode no sonho, copioso, dolorido, querendo acordar sem saber que era possível.
Andei por trechos debaixo de terra, túneis, desertos ocos, cavernas dos meus interiores.
Parei quando encontrei a imensa biblioteca bem iluminada. Escolhi uma estante e, de um salto, coloquei-me no alto, olhando o mar de livros de cima, da grande sensação do vazio.
Uma mulher de túnica e amor materno surgiu à mesma altura à esquerda tentando me acalmar sem sucesso.
Percebi uma viga de metal entre paredes formando uma linha rente ao teto. Pude alcançá-la com as mãos. A voz da senhora não me chegava, mas eu queria escutá-la entre os soluços, queria ter alguém a quem dar razão.
Aproximei a cabeça da viga e encaixei. A mulher fazia que não e eu vacilei.
Um pouco acidental, um pouco nutrida pelo desespero, caí da estante.
O corpo baixou, a cabeça permaneceu.
Morrer não dói, mas na escuridão continuei chorando até às 14h00 do sol entrando pela fresta da janela e o telefone tocando.

25 de maio de 2012

Querença


Ao entrar no vagão ouvi logo a sua voz. Procurei e de propósito me instalei ali bem perto. Em seguida seu companheiro de banco se levantou e fiquei com o acesso livre. Mal conseguia conter o riso, mas não por achar muito cômico. Era simplesmente gracioso vê-lo entoar sem se poupar aqueles cânticos de louvor pro Deus. 

O senhorzinho ia pigarreando e cantando e seguindo a canção, selecionando uma e outra com o livrinho aberto nas mãos. Não sei se era um gesto de desapego – tipo, “canto mesmo, e daí?” –, um gesto de altruísmo – “vejam que canções mais lindas vocês têm que conhecer!” – ou um gesto de imensa inocência despida de mais intenções, aquele pequeno algo que faz de um ser extremamente cativante no cuidado e na certeza que nos desperta: qualquer coisa poderia quebrá-lo nesse momento de harmonia.

Nós, do vagão, trocávamos olhares cúmplices de proteção. Concordamos todos. A vida, minha gente, a vida é uma graça.

24 de maio de 2012

Preocupante


Uma amiga minha recebeu um e-mail uma vez que começava assim:

"Eu não tenho certeza sobre a autoria da frase, pois não li em nenhuma publicação oficial, mas acho que foi Schopenhauer quem disse que “As mulheres muito atraentes e os homens muito inteligentes estão fadados a viver no isolamento”. Se deixarmos de lado o preconceito da frase e ampliarmos seu conceito, chegaremos a uma singular constatação: a pessoa muito inteligente e ao mesmo tempo muito atraente tem um problema tenso a ser resolvido... Deus te ajude, menina."

Pronto. Foram 8 linhazinhas e ela já estava pronta para queimar no fogo eterno do mármore do inferno da solidão.
...Sozinha, ainda por cima.
Já estava amaldiçoada, mas não satisfeito, o sujeito ainda arrematou:

"'A beleza é uma tirania de curta duração.' (essa eu acho que é de Sócrates)"

Está aí. Aí o típico exemplo de como um elogio pode ser a coisa mais ofensiva a ser dita. Antes a rejeição gratuita, por desafinidades entre orixás ou querelas de vidas passadas, do que aquela desencadeada por supostas virtudes. 

A menina, essa daí, minha amiga, que recebeu o e-mail, tadinha... Nunca mais foi vista.


21 de maio de 2012

Das mãos de Moira


O que escreveu Hilda Hilst não pode ter sido escrito por gente, vida, humano, coisa que morre. Foi um Deus que em conflito com outro viu varridos seus privilégios e ficou sem escolha: usar a natureza pequena daquele que fede para transportar seu grito, seu gozo. Hilda deixou então de apodrecer. Mudou a rota que seguimos todos nós em procissão. Ela se salvou da barca, não sei se em firme propósito. Não foi preciso lhe dedicar glória. Não é necessária prece à Hilda. A poetisa ganhou de si o céu quando serviu sua axila de pêlos e de carne à vaidade do soberbo divo, cambaleante de amor e asco e entendimento, afogado no pranto de si e pena, que cólera contamina e sua escolhida se viu sofrer.

Deus que pisa terra se deixa mostrar e respira há de fazer retorno sendo outro. A que tinha cabelos, no entanto, pagou o preço alto da luminescência: a dor da lucidez como de ossos em expansão até a velhice. Depois subiu. Está sentada à direita do pai, todo-poderoso, de onde não há de vir julgar os vivos e os mortos (e nós, os maus escritores).

**

...Foi quando encontrei subitamente
Tudo aquilo queria dizer-te
Meu senhor, con-sorte inexistente:


                      V

O Nunca Mais não é verdade.
Há ilusões e assomos, há repentes
De perpetuar a Duração.
O Nunca Mais é só meia-verdade:
Como se visses a ave entre a folhagem
E ao mesmo tempo não.
(E antevisses
Contentamento e morte na paisagem).

O Nunca Mais é de planície e fendas.
É de abismos e arroios.
É de perpetuidade no que pensas efêmero
E breve e pequenino
No que sentes eterno.

Nem é corvo ou poema o Nunca Mais.

H.H.


16 de maio de 2012

No pulo

Eu estava apenas fazendo a minha parte, cumprindo meu papel de irmã mais velha, contando as proezas da vida de antes do nascimento dela.

_ Esse aniversário foi muito legal. Foi o melhor! Eu lembro que a mamãe comprou várias coisas legais para fazer as lembrancinhas. Daí ela chegou do trabalho com um monte de sacolas e ficou até tarde preparando as coisas para o dia seguinte. Eu não agüentei ver e acabei dormindo. No dia seguinte, quando acordei, tinha uma sacolona enorme cheia de lembrancinhas de aniversário embrulhadinhas. Quero dizer, era uma sacolona enorme pra mim, porque eu só tinha quatro anos. Mas devia ser assim, tipo uma sacola da Besni, que era da minha altura. Naquele dia os meninos mais velhos até deixaram eu ser a primeira da fila, só porque eu era a aniversariante. Todo mundo da escola adorou a festa que a mamãe fez. Meu aniversário foi comemorado o resto do ano! Foi incrível e...


_ Eles comemoraram seu aniversário o resto do ano?


_ Sim! Bom... é... Eu faço aniversário dia 18 de dezembro, né? Uma semana depois e já é o Natal, daí é férias da escola. Meu aniversário deve ter acontecido na última semana de aula. Logo, foi comemorado o resto do ano, que deve ter dado, aí, mais ou menos, uma semana, nem isso...


_ Ah...


15 de maio de 2012

Equívoco


Conheci um
Homem morto.

Aos 16 anos

Foi-se enamorar
De uma menina
E a deixou ir
Com a vida.
Arrependeu-se.
Encontrei-o aos 
50 e poucos
Casado com outra
E algumas filhas
Semanas depois 
Do mal sucedido 
Suicídio à 
Mão armada.

Já estava morto

No entanto
De longa data.

13 de maio de 2012

Nos bastidores da peça

Quatro horas e meia. Parece que quatro horas e meia é o máximo que duas pessoas podem dormir juntas, acordar juntas, dormir e acordar, dormir e acordar e não trocar palavra. Quando me ouviu falar ao telefone que “achava” que tinha chegado à cidade porque “aquilo ali” não parecia mais estrada, o garoto da poltrona 32 resolveu intervir: 

_ É sim. Cê tá na Mini. Já chegou.

[olha, ele fala] 

_ Ah, obrigada!

9 de maio de 2012

Delírio pequeno-semiótico


É assim, vou tentar explicar:

Um pensamento, embora tenha um princípio e um fim, é um contínuo de fronteiras indistintas. Todo pensamento é, em si, baseado num pensamento anterior e desencadeará um pensamento posterior. Está fora do tempo e insubordinado a ele.


Ops! Rápido demais. Então vamos mais devagar.


Assim como uma fotografia congela um momento, um pensamento também o faz. É possível olhar uma fotografia que estampa um rosto inalterado depois de muitas décadas. Da mesma maneira, se pensarmos em um objeto hoje e o pensarmos daqui a vinte anos, o objeto não terá envelhecido, não terá caído em ruínas nem terá sido afetado pela passagem do tempo sentida no corpo que o pensa. [Heidegger] Assim é com qualquer idéia, um sonho, um desejo. É possível acessá-los muitos anos depois sem que estes tenham sido tocados pela ação do tempo.

E é também o que acontece com os sentimentos. [Peirce]

“...assim, se este sentimento está presente durante um lapso de tempo, ele está completamente e igualmente presente em qualquer momento daquele tempo.” [Collected Papers, 1.306]

É possível acessar um sentimento depois de muitos anos de sua constatação e perceber, com surpresa, que ainda está intacto e vigora em sua talidade (suchness). Mas e quando o sentimento sucumbe? E mais: o que houve quando ele sucumbe porque foi reiteradamente desgastado por eventos positivos, ou seja, momentos factuais, conectados à temporalidade?

“Cara Camila,


meu namorado me traiu e o amor morreu.
A traição aconteceu no tempo e meu amor foi afetado.
Acho que você está louca.
Estimo as melhoras.

Com consideração.

Sua leitora.”

Aí vai a teoria:

O sentimento, que não pode ser impensado, mas nascido do fluxo contínuo entre sensação e pensamento, teve um começo. Esse ponto inicial, no entanto, nunca será precisamente localizado, apesar de ser possível supor sua descoberta. É possível dizer, não sem esforço, em qual momento percebemos que amamos, mas não é possível dizer com precisão em qual momento o amor principiou em nós. Ele se deu em fluxo, foi se desenvolvendo. O sentimento não é pontual. Pois bem. Da mesma forma que relações de outra natureza se transformam, por exemplo, numa relação amorosa, uma relação amorosa pode, portanto, se transformar numa relação de outra natureza.

Algo que começou com um sentimento de simpatia pode se transformar em amor. Não é impossível, inclusive, que um sentimento de antipatia se transforme em amor. Não é difícil perceber que uma grande mágoa oculta, na verdade, um amor frustrado ou reprimido. A decepção só ocorre quando houve expectativa. É fácil ver como o sentimento transita no fluxo de nossas continuidades, a saber, pensamentos e sensações.


O sentimento que se deixou abater por fatos ocorridos no tempo, na verdade, foi abatido por elementos de fora do tempo desencadeados por um momento pontual, localizável. [Caringe] Então, veja: seu namorado te traiu e isso fez com que você deixasse de o amar. Perfeito. Mas não creio que isso se deu no espaço de um clicar no interruptor. A traição (fato positivo) ocorreu em data e hora específicas. Ele desencadeou uma sensação terrível, que foi pensada. O pensamento, as obsessivas lembranças dos momentos abruptamente interrompidos incorreram em sensações de frustração e dor. A dor vai aparecer do lado de fora [Ibri], afetar humor, ânimo, apetite, sono. Será visível. E, parando para se observar, você vai refletir sobre ela e procurar encontrar seus erros e soluções para o sofrimento. A reflexão trará novos sentimentos, que trará novos pensamentos, que trará novos sentimentos, que trará novos pens... Isso. Assim vai. De maneira que o sentimento, que está fora do tempo, vai sendo depurado, já que sua função estará sob forte e contínuo questionamento. O que está fora do tempo, portanto, só será afetado por outros elementos que também estarão fora do tempo. O fenômeno temporal desencadeou um processo interior não-determinável. Da mesma forma que a traição acabou com o amor, poderia não tê-lo feito. É possível ser traído e, embora a relação tenha sido irreversivelmente abalada, o amor continua lá, participando da existência dos indivíduos. Ou o contrário: ainda que nenhum fato específico tenha abalado o amor, ele esmorece e muda.


O que concluo é que é possível que um sentimento (amor, raiva, mágoa, afeição), uma vez nascido, dure todos os dias de todos os anos de nossa vida, embora esteja sujeito ao fluxo do complexo emocional. Esse resultado pode ser maravilhoso.


...Ou dramático.

7 de maio de 2012

É possível. Só não é garantido.

Entrei no carro e elogiei o DVD.

_ Ah, você gostou?
_ Sim! Gostei muito!
_ Comprei esse DVD há sete anos. Nunca tinha visto.

Pensei “meu Deus!, sete anos???” e disse:

_ Meu Deus!, sete anos?
_ Porque eu era feirante, sabe? Trabalhava muito, não tinha tempo pra nada. Agora que estou recuperando os DVD’s. Cada noite trago um.
_ ...
_ É que eu acabei de me separar. Daí dói, né? Então fico ouvindo música pra me distrair.

Assim! Desse jeito! Jogou no meu colo indefeso a verdade em plena madrugada. Reagi como me foi possível:

_ Ah, sim... O luto da separação é mesmo muito difícil.
_ É...
_ Sua separação é recente?
_ Sim. Faz um mês.
_ Quanto tempo de casados?
_ Seis anos.
_ Vocês tinham filhos?
_ Sim. Um filho lindo de cinco anos.
_ Poxa... E a separação era mesmo necessária?
_ Então...

Quando a pessoa fala “então...”...

_ Na verdade... minha história seria cômica se não fosse trágica.

Bem, essa é a típica frase que já te prepara para o riso. É como quando dizem que vão te contar uma piada. As bochechas ficam automaticamente mais moles, flexíveis e... Espera!!! Eu ouvi a palavra “história”???

_ É mesmo?
_ É. Minha mulher conheceu um cara pela internet e diz que está apaixonada.
_ Como assim?
_ Assim! E minha família é tão bonita... Olha as fotos.

Estavam à mão. Foto dela, do casal e da criança.

_ Que linda! Como ela se chama?
_ Renata.
_ E você?
_ Ricardo. E você?
_ Camila.
_ Prazer, Camila.
_ Linda a Renata. E lindo seu filho também.
_ Pois é. E ela veio me contar que se apaixonou por um cara. Ele é da Suíça. Ela me contou faz um mês, por isso nos separamos.
_ Mas eles já se viram pessoalmente?
_ Então...

“Então” outra vez...

_ Não! Nunca se viram! E ela não fala alemão nem ele fala português. E nenhum dos dois fala inglês.

A história ia ficando pior a cada “então”.

_ Então como eles conversam?
_ Pelo google tradutor!
_ Cê tá brincando, Ricardo?!
_ Não estou brincando, Camila. Ela me contou que faz sete meses que eles estão conversando. Eu disse: “poxa, Renata... e eu trabalhando...”. Mas não tem jeito. Quer viajar pra ir lá ficar com o cara. Cê acredita? Eu vi o cara pela web cam enquanto eles conversavam um dia. Ele estava bebendo uma coca-cola de três litros direto do gargalo na frente da câmera.
_ Não acredito!
_ Nem eu!
_ Desculpe perguntar, mas quantos anos você tem, Ricardo?
_ 36.
_ E a Renata?
_ 35. Mas está agindo como uma menina de 12, né?
_ ...É... uma atitude... realmente... infantil... Nem sei o que te dizer.
_ Ela está fazendo curso de alemão agora e diz que vai pra Suíça. Já falei que meu filho não vai, não vou autorizar.
_ Tem razão. É até perigoso!
_ Pois é! Esse cara pode ser qualquer coisa! Tentei alertar a Renata!

Nessa hora olhei bem pro Ricardo. Bonito o taxista. Bonito, articulado, dedicado, trabalhador. Um homem virtuoso. Ele não merecia.

_ Sabe, Camila, eu não merecia.
_ Sei.
_ Depois de tudo a pessoa faz uma auto-análise, né?, pára pra refletir.

Uhum. No meu caso, esse tipo de reflexão pode durar meses, anos, encarnações...

_ E eu acordava de manhã, fazia o café e levava pra ela na cama. À noite eu ligava e perguntava “bem, quê cê quer comer?”, passava no mercado e levava qualquer coisa que ela me pedisse. A gente tinha tudo. Até o sexo era ótimo.

Não duvidei.

_ ...Não faltava nada...
_ Bem, ela vai se dar mal. Está na cara. Não tem como isso dar certo. Ela vai se dar conta do que fez e vai conversar com você sobre isso um dia. Você não voltaria pra ela?
_ Ah... acho que não. Sabe porquê, Camila? Emagreci 10 quilos em 25 dias. Eu preciso respeitar a liberdade dela, aceitar o que aconteceu. Mas estou profundamente desapontado. Não dá mais.
_ Entendo...

6 de maio de 2012

Virado Cultural

_ Cê vai entrar?
_ Não.
_ Tem ingresso?
_ Não.
_ Quer comprar?
_ Não.
_ Quer namorar comigo?
_ Não.

Vendendo ingresso que era pra ser gratuito, não, né? Vai ser tonto sozinho.

2 de maio de 2012

Lino Xongas

A postagem de hoje não é minha, mas do querido querido amigo Barco, que distante não está perdido, solitário não está sozinho.

O toque das almas (clique)