2 de dezembro de 2007

Parcerias da vida

(foto tirada na estante de casa, num flagra de uma relação passional entre minha ex-tartaruga e minha atual pata de enfeite, quando a tartaruga entrou furtivamente e foi surpreendida abraçando o outro elemento)


A experiência da existência não se explica. Na última aula de ética eu escutei isso, mas não me lembro agora de que gênio veio. Mas o raciocínio era mais ou menos o seguinte: o verdadeiro aprendizado é impossível de ser colocado em palavras. Porque aprender significa experimentar e a experiência não é traduzível em palavras. Você pode dizer que uma maçã está em cima da mesa, mas traduzir o gosto de maçã verde depende do seu repertório linguístico e do reperto do interlocutor. Comparar o gosto da maçã pode ou não ser agradável para o outro e a narrativa vai ser contaminada pelo SEU gosto por maçã verde.
Eu posso dizer que a energia de alguém é como veludo, a sensação da textura... É como cheiro de grama molhada que enche a alma do mesmo frescor... É como dizer que a idéia da morte é um incômodo semelhante a uma mancha preta num papel branco e dizer para alguém que a mancha pode se transformar no desenho mais bonito que ela pode imaginar...
...A experiência da existência é isso. Viver e fazer o desenho mais bonito que se consegue. Daí a necessidade de se estar sempre aprendendo. Para poder ver mais e mais possibilidades de transformar uma manchinha em um fato que não desmerece a brancura do papel e poder enxergar mais e mais possibilidades de fazer um mundo inteiro novo na folha, de dobrar e fazer o Tsuru voar através da sua própria vida na memória dos que vierem para continuar a tecer a colcha de uma história que também é sua pra sempre, até quando não estiver mais aqui...

Exemplo disso é a minha ex-tartaruga. Ou melhor, ex-minha tartaruga, que não deixou de ser tartaruga, apenas deixou de ser minha. Ainda ouço a pata chorar de saudade...

3 comentários:

Magno Nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Magno Nunes disse...

Realmente é muito compliquedo colocar em palavras.

Tem uma pessoa que eu conheço que quando está perto de mim parece que irei flutuar... tudo pára, fica mais bonito, mais gostoso.

A sensação é como se comesse macarrão, com molho vermelho, vestindo uma camiseta branca sem se preocupar se vai se sujar. É não ligar para o que dizer ou pensem os outros (sabe, tem sempre aqueles que ficam olhando e falando, e reparando e secando... mas nem ligo...é tão bom!)

É como defender o último chute, do último lance de uma partida de futebol... salvando o time...AHHHH

É andar o dia inteirinho atrás de um livro, e de noite entregá-lo e ver aquele sorrisão estampado.
E nesse mesmo dia ver que o que se sente é tão grande que nem as bolhas nos pés incomodam mais.

É receber uma carta, dizendo que apartir daquele momento sua vida irá mudar. Pois quem recebe uma missiva desta pessoa nunca mais será a mesma.

Não sei se estou me expressando bem, pois as palavras não podem explicar essa experiência... Se eu fizesse um desenho não seria parcial, faria um desenho dessa pessoa.

A cada dia aprendo uma coisa nova. Aprendi o que é PEREMPITÓRIO, aprendi que alegoria não é só aquela de carnaval.
Que A Verdade absoluta não existe. E que um pokito pode ser variável. Que os Maçons se encontram em lojas... o que eles vendem lá?!! Maçinhas?...aff que bosta...

Enfim, desde o fim do ano passado aprendi muita coisa...e aprendi a gostar mais de alguém do que de mim mesmo.

A experiência de viver é incrível, mas acompanhar o crescimento de alguém que está próximo é fantástico.

A tartaruga devia estar pensando muito no patinho, e prevendo que em breve iria embora. Não gosto de despedidas, e acho que ela também não, mas fico por aqui por enquanto.

Bjos
Má (cof! cof!)

Magno Nunes disse...

...Ai...que dor...