6 de janeiro de 2008

O Vento

Esta postagem terá a trilha sonora de Los Hermanos.
A guitarra...
Estão ouvindo?


É incrível como alguns momentos da vida assumem autonomia.

(tãnãnãnãm) Posso ouvir o vento passar,
assistir à onda bater,
mas o estrago que faz
a vida é curta pra ver...

É como se o arbítrio cessasse em nome do melhor implícito... E em nome do que tem de acontecer as coisas acontecem... Sozinhas...

(tãtã) Um século, um mês,
três vidas e mais
um passo pra trás?

O tempo se agiganta para alguns acontecimentos – passa mais rápido, mais devagar, mais espaçado, mais estreito... Subitamente mais inteligente.

(tãrãm) Como pode alguém sonhar
o que é impossível saber?
Não te dizer o que eu penso
já é pensar em dizer
e isso, eu vi,
o vento leva!

E quando a gente olha, o pior já passou...

(tátá) Não sei mais,
sinto que é como sonhar
que o esforço pra lembrar
é a vontade de esquecer...

(Uma amiga minha há um tempo atrás traduziu essa sensação como “sentir-se carregado por Deus”.)

(uh...) Se a gente já não sabe mais
rir um do outro meu bem então
o que resta é chorar e talvez,
se tem que durar,
vem renascido o amor
bento de lágrimas.

Então a vida tráz o ritmo de volta ao poder de nossas mãos. E as imagens lembram retratos antigos, tão novos quanto a vida que ainda resta para viver.

(tchátchãm) Um século, três,
se as vidas atrás
são parte de nós.

Há mesmo mais coisas entre o céu e a terra do que pode julgar nossa vã, pequena filosofia. E por maior que sejamos, por mais espertos, rápidos, bem sucedidos, lúcidos que sejamos... Mais lucidez aguarda espreitando-nos em forma de outrem na(s) próxima(s) esquina(s).

E como será?

Boa sorte a nós, que estamos vivos. Pois a morte ainda é sim a segunda certeza. A primeira é o aprendizado. Irrefutável.

O vento vai dizer
lento o que virá,
e se chover demais,
a gente vai saber,
claro de um trovão,
se alguém depois
sorrir em paz.
(tãrãrãrãrãm)

3 comentários:

Anônimo disse...

Outro dia fui acometida por uma dor no peito de procedencia muito duvidosa. Acordei de manha com aquela dor que durante a madrugada era suportavel mas nao menos incomoda. Eu me virava de um lado ao outro e pensava no que poderia ser e pq de nenhum angulo ela cessava.
Levantei, fui ao banheiro, ja era hora de trabalhar...
E aquela dor me enlouquecia pq eu comecei a pensar que estava preste a morrer...e quanto mais pensava, mais doia...
E pensei tanto e doi tanto que realmente senti como se fosse meu ultimo dia, MEUS ULTIMOS DIAS...
Lembrei de todas as vezes que bendisse a morte e a chamei para perto...
Sentia tanto medo tanto tanto tanto medo...
E me arrependi tanto de ter desejado morrer as vezes...
E me arrependi de nao ter visto a beleza em todos os dias...
Nesses breves momentos solitaria no banheiro, me olhando no espelho quase me despedindo de mim mesma...percebi o quao valioso eh falar apenas sobre o que sabemos, sobre o que experienciamos, pelo menos nos aproximamos...
E a vida eh foda...
Mas nos momentos ruins, bem ruins mesmo, me lembro da sensacao de ser carregada por Deus para que eu nao morresse de tristeza...Eh como se ele jogasse um manto que amenizasse tudo...
E tendo a sensacao da morte jogada sobre mim lembrei que a morte nao me traz aquela sensacao de conforto...ela eh fria...fria demais...
Lembrei tambem da minha visita ao IBCC(INSTITUTO BRASILEIRO DE CONTROLE DO CANCER)e imaginei que força tinham aquelas pessoas para me sorrirem tao sinceramento tendo com elas a onipresença da morte apegada aos pes...ai sim pude compreender um pouco mais o que sentiam...e me envergonhar de mim.
E NOS...
QUE NOS EXTRESSAMOS POR TAO POUCO...
TEMOS TANTO
TEMOS TANTO
TEMOS TANTO...
E ESSA INGRATIDAO QUE ENOJEI EM MIM PRECISA SER REVERTIDA...

PRECISAMOS ARRUMAR UM JEITO DE VIVER BEM...DE DESFRUTAR CADA SEGUNDO...

PRECISAMOS DE INTENSIDADE EM TODOS OS MINUTOS...EM TODAS AS ESQUINAS..EM TODOS OS PASSOS...

PRECISAMOS PARAR DE SER TAO OMISSOS E PESSOAS MAIS OU MENOS...

INTENSIDADE ESSA QUE SINTO FALTA NA MAIORIA DE MEUS RELACIONAMENTOS SEJAM ELES DE QUE ESPECIE FOR...
INTENSIDADE ESSA QUE ME RECORDO DE TER COM VC...
TODOS ENCONTROS INTENSOS...
TODOS...
TODO E QUALQUER ABRAÇO QUE TENHAMOS TROCADO...
LEMBRO DAS BATIDAS DE SEU CORAÇÃO...DE COMO A SENTIA FORTE JUNTO AO MEU...
O BRILHO DOS SEUS OLHOS...SEMPRE VIVOS..SEMPRE PRESENTES...

VIVAMOS BEM...
POR FAVOR...
VIVAMOS BEM...

Magno Nunes disse...

(Segunda tentativa!)

E quando o altíssimo for levar seu corpo para o paraiso, onde repousará saberemos que tudo ficará bem.

Problemas ficam lá fora...
Tristezas não entram...

E deixar que as mazelas da vida nos façam entender, e ver que cada abraço demorado,cada suor após as caminhadas e principalmente cada sorriso seja fruto de um sentimento inexplicavelmente grande.

Que aos olhos de leigos não seja entendido.
Que aos ouvidos de desconhecidos sejam intraduzível...
E que agora...depois de tanto tempo...nada é mais importante do que estar do lado...

E enfrentar tudo denovo, como se fosse a primeira vez...

Depois de tudo isso...depois do que a Marcella disse só me resta...

"Jamais seremos tão jovens"
W.S.

Vivamos bem
Não por favor...mas por nós mesmos, porque agora temos todo o tempo do mundo.

E que nenhuma dificuldade será encarada como barreira suficiente para se distanciar do propósito. Pois a aprendizagem de viver, e o orgulho de estar vivo e bem é o mais importante....

Enfim...

Bjos
Má (Tentando parar de sorrir feito besta do jeito que estou agora!)

Não importa de onde ela vem, mas para onde ela vai

Joey Marrie disse...

"Sentir-se carregado por Deus."

Sim,é até engraçado como nossa existência algumas vezes foge ao nosso controle. Se é que algum dia ela esteve em nosso poder.

Uma hora da manhã e meus amigos resolvem jogar bola na arena. Depois de alguns copos de vinho e de violão na mão, me sento na solidão da pracinha da igreja. Em uma casa próxima a porta está aberta, alguma existência é comemorada.
Dedilho no violão algumas canções, olhando o céu. Eu podia ter ido pra casa, afinal foi o que as outras meninas fizeram. Mas eu quis ficar.
A alguns metros de distância meus amigos se divertem em seu jogo madrugador.
Uma mão pousa em meu ombro. Me viro surpresa. Ele está ali, em pé, surgido não sei de onde. Sorri. Eu sorrio também.
Ele senta à minha frente no pequeno banco, pede que eu toque algumas canções para ele. Eu toco.
E a madrugada transforma-se em um momento mágico.
É, eu podia ter ido pra casa com as outras meninas, mas alguém, alguma coisa não me deixou ir.
Obrigada por isso!!^^