28 de junho de 2008

É osso ou suave?

Penso no trampo que é essa pegada de falar como os mano. Mas sussa. Aprender é o de menos.
O que pega mesmo é o peso positivo ou negativo.

Linguagem é viva. É mutável, incrementável.
Então, o uso de gírias é bom, porque aproxima e confere identidade às pessoas envolvidas num discurso comum, ou é ruim, porque prejudica a percepção das correções idiomáticas do indivíduo?

Num sei...
Mas sussa, vai!

27 de junho de 2008

...Uma vez...

Eu já consegui passar um final de semana inteirinho sem celular.
Inteiro mesmo, sabe? De sexta a noite até segunda de manhã.
E logo eu, justo eu, que uso celular de agenda, relógio, despertador, cronômetro, calculadora, câmera fotográfica, filmadora, gravador de voz, mp3, lanterna e telefone.
Mas sabe?, não sou a favor dessas modernidades. Deixa a gente muito mal acostumado.
E sobrevivi.
Danos materiais e morais ainda não avaliados.
Mas tô viva!

25 de junho de 2008

Uma estrela... cadente

É engraçado olhar alguém pela televisão e depois conhecer pessoalmente.
Porque, por mais que a televisão mostre a estrela de pijamas, de chinelos, ou de nada, ainda assim, a tv tem uma áura toda superior.
É como se quem aparecesse na tv fosse inatingível ou necessariamente melhor do que aquele que só assiste.
Isso explica os gritos histéricos que ouvi num show.
O cara, vocalista, era magrelo, mirrado, e usava uma espécie de colete sertanejo com franja de metal. E tingia o cabelo. Não era loiro. Era pseudo-loiro.
Mas, pelo menos, era boa gente (é o que eu acho, já que deixou algum cabeleireiro inexperiente aprender o ofício nas suas madeixas).

Enfim...
Não era assim... nenhuma Brastemp...
Mas as pessoas gritavam de maneira totalmente enlouquecida!
A construção midiática do mito deu muito certo.
Fosse eu lá ninguém gritava...

21 de junho de 2008

Meio tri(bo)bal

Admiro as pessoas que têm personalidade. Sempre gostei disso, sabe? Desse contra-fluxo, dessa tentativa de não ser o mesmo, dessa mania de inovar. É ótimo.
Tipo: assistir algum programa cultural enquanto tá todo mundo vendo novela ou futebol. Genial. Super corajoso.
Admiro os homens de coragem. Um cara que entra na faculdade de jornalismo e não sonha em ser jornalista esportivo, pra mim, é um máximo.

Mas... assim...tá...
É bacana ser original...
Mas gritar que nem Tarzan na Paulista... tipo...
Sei lá...

Se me disserem que isso chama mina pra !@#$%^&*, igual a camisa de um amigo meu, até vai... Mas pra fazer graça pra outro macho... ah... sei lá...
Isso me lembra uma coisa meio tribal...
Percebe?

20 de junho de 2008

Pontu.ação!

Prezado senhor,
Gostaria de saber se o evento disponibiliza estrutura para jornalistas, como sala de imprensa e hospedagem. Gostaríamos de fazer uma grande cobertura.

Atenciosamente
Revista Mensal
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Prezado! Senhor!!!!!!
Gostaria de, saber, se, o evento disponibiliza estrutura para jornalistas, como sala de imprensa e... hospedagem!!!! Gostaríamos de fazer uma grande.... cobertura!!!!!

Atenciosamente!!!
Revista Mensal?!?!?!?!?!

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Prezado... senhor...
Gostaria, de... saber se... o... evento... disponibiliza estrutura para jornalistas... como sala de imprensa e... hospedagem. Gostaríamos de... fazer... uma grande... cobertura...

...Atenciosamente...
Revista Mensal...?

19 de junho de 2008

No sense

Era uma vez um menino. Que embolava tudo. Embolava linha de pipa, pião e conversa. E conversa era o que ele mais gostava de embolar.
Ele pegava a conversa e dava um nó. E quem quisesse desfazer que tinha que pegar fio por fio e mostrar pro menino como tava embolado sem ter fim.
Ele falava que salgado era doce e se dizia doce quando tava sendo azedo. Ele trocava a etiqueta dos potes de biscoito e dizia ser intenção genuína onde só tinha polvilho.
Ele dizia que não queria ferir e escondia em poesia que o outro não era complexo o suficiente.
E um dia... ele se embolou tanto, deu tanto nó, que não teve jeito.
Deixaram-no morrer enforcado pela sua própria falta de sentido. E o largaram lá. Sem sentidos mesmo. E sentido no sentido de desmaio, direção e significado.

15 de junho de 2008

14 de junho de 2008

Eu tenho mais do que um lugar

E como nem tudo são flores... Tenho também um sujeito passivo-agressivo.
E uma paciência curta e enfadonha.

_ Vamos fazer isso juntos.
_ Tá.
_ Tenho aqui 30 desses. 3 pra você e 27 pra mim.
_ Mas você vai ficar com tudo isso?
_ É que pra mim é melhor, sabe?
_ Ah...
_ E quando sair avisa tá?
_ Tá. Tipo... Quando for ao banheiro ou quando for pegar água é pra deixar bilhete?
_ Não. Isso não precisa.
_ Mas fora isso eu não saio.
_ Não. Só tô te dando um toque.
_ Ah...
_ E almoça quando todo mundo tiver fome, tá? Não deixa pra sentir fome mais tarde.
_ Ah... tá bom. Mais alguma coisa?
_ Não, não! Imagina! É só um toque...
_ Ah...

12 de junho de 2008

A com selho

Parece-me uma questão de bom senso ser resignado e dedicado até que se entenda uma coisa que não entendeu até o momento onde se percebe que o esforço deve ser maior (o que não significa força, mas jeito).

Numa conversa tribal cheia de significado alguém lembrou que o conceito de propriedade é cultural.
E um outro retrucou que bom vai ser quando não houver mais líderes, e sim representantes.

Não ter líder significa que todo mundo sabe o que precisa fazer sem precisar de alguém pra mandar.

E o que a gente faz com a necessidade de aconselhar?
Amassa e joga fora?

Eis mais um aprendizado trazido pela profissão.
Se ninguém perguntar a gente escreve (não num blog, mas num caderninho pessoal). Daí a gente lê, relê, re-relê...
...Amassa e joga fora.

10 de junho de 2008

Eu tenho um lugar

Faixa bônus

"O casamento é a tentativa mal sucedida de extrair algo duradouro de um acidente."

Albert Einstein

Querido

Um sonho fere, mata, sangra, ilude, transborda e, transbordando, atinge outros, invade, contamina, contagia, agrega, segrega, une, forma, reforma, transforma, transgride, teima, queima, reduz à cinza, renasce e engrandece.

É caro. Claro. E barato.

8 de junho de 2008

Do fundo do baú, uma inédita

6 de junho de 2008

Quando uma coisa é mais do que é

Depois de não ter dormido, acordei resoluta.
Precisava achar algo que tinha perdido de propósito. Aquela mania de deixar dentro de um livro para achar sem querer, num dia qualquer tão distante que nem dá pra ver.
Era só uma foto e, como toda a foto, era só um pouquinho de passado estacionado num pedaço de papel.
Minhas mãos folheavam rapidamente um por um dos 300 livros da estante.
Era cedo ainda e uma farta pilha se desequilibrara e caíra, fazendo eco na casa silenciosa.
Na busca achei um livro. Que deveria ter lido há muito. Peguei-o.


“O amor é um dos grandes problemas do destino, ele se estende do céu até o inferno.”


Sobre o Amor
C.G.Jung


Larguei-o.
Precisava daquela foto como precisava daquele sol na frestinha da janela.
Mas não a encontrei.
E naquela hora mesma notei que alguém tinha friamente me sabotado.
E foi eu mesma.

5 de junho de 2008

Uma paixão fragmentada


"... Fazemos coisas com as palavras...
As palavras fazem coisas conosco..."


Jorge Larrosa Bondia

4 de junho de 2008

Evidência

Adorno e Horkheimer já falaram há muitos softwares atrás que isso aconteceria. A gente sabia, é claro. Sempre soubemos.
A palavra ganhou ares de cientificismo e a arte, que não é absolutamente necessária à auto-preservação, foi marginalizada. E antes tivesse ficado às margens, mas à mão. Não. Virou artigo de luxo. A estética não é mais direito, é vitrine. Palavra é ciência.


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...


Se Bilac fosse científico, censuraria a si mesmo antes de dizer pra todo mundo que ouvia estrelas! Só pode mesmo estar sofrendo de transtornos psicóticos... Alguém que tem o sono interrompido para abrir as janelas...
Olha... sair da cama, no quentinho, pra abrir as janelas e apanhar friagem... e pálido de espanto, ainda por cima!


Ora (diria) ouvir estrelas! Fatalmente
Perdeste o senso! E nem podes dizer, no entanto
Que possui provas de ouvi-las, consciente
E feche as janelas... a palidez é influenza, portanto...


Deus disse “Faça-se a luz!”... e é claro que era para iluminar o verbo...
O sol já existia antes da lâmpada... É óbvio.

3 de junho de 2008

Interesses

Viver entre poluição, buzinas e desentendimentos gera um mal-estar. O mal-estar social de entrar num mundo que já estava começado quando chegamos. Já havia uma dança, um ritmo. E forçaram-nos a converter nosso próprio ritmo à expectativa coletiva do que era uma boa postura durante os ritos. O rito de beber na sexta-feira, o de ser bonito, o de ser simpático, o de ser alegre, o de não ser bom além dos líderes pré-concebidos nem ruim abaixo do limite do útil. Ajudar alguém é um modo de conviver com o mal-estar. É claro que isso pode ser feito também por meio das drogas, da religião, de esportes ou da arte. Mas a sensação de ajudar alguém é um meio de positivar nossa existência e, elevando o outro, elevamos também a nós mesmos.

Então... será que sou bonzinho porque sou bonzinho? Querer o bem do outro não é também um interesse? E uma atitude interessada (ou interesseira) é necessariamente menos genuína? Perde o valor?

Um brinde a Freud.

2 de junho de 2008

Um nome

A gente dá nome às coisas. Sai dando nome a tudo quanto é coisa que se possa nomear.
E o nome é mais importante pra quem deu o nome do que pra coisa nomeada. Pra coisa não serve. Pro “quem” é imprescindível.

O psico-maníaco-depressivo virou bipolar. E bipolar é mais fácil, porque todo mundo entende. E, caso você saia do sério, caso seja mal-educado porque brigou com a namorada, caso você seja a namorada que está com TPM, basta dizer que é uma “pessoa meia bipolar” e já era! Tá perdoada.
Mas experimenta dizer pro seu colega de trabalho que, se ele é bipolar, portanto psico-maníaco-depressivo, precisa de uma terapia e de remédios que regulem seu estado de humor. Ele vai é dar um soco no seu pólo norte e te desmaiar. Ele não é louco! Só está passando por um momento difícil...

1 de junho de 2008

Sob nossos olhares incrédulos...

Para os dois leitores assíduos deste blog, a imagem deste gatinho já diz o que aconteceu. Mas em respeito aos outros dois leitores eventuais, vou explicar. E explicaria de qualquer forma, porque desta vez é preciso.
Pra mim sempre foi muito simples pedir demissão. E o olhar desse gatinho expressa minha fria observação dos fatos que levam a isso. É algo da vida. E a vida acontece.
Mas desta vez é diferente. Não posso simplesmente dizer que pedi demissão. Porque não foi só isso que aconteceu. Eu não fui somente contratada e agora estou saindo. Eu fui conquistada e agora estou me despedindo.

Estou largando uma paixão por outra. Estou trocando. Sinto-me uma infiel.
Mas... é a vida.
Pedi demissão.